Professores da rede estadual fazem, na tarde desta quinta-feira (26), assembleia para decidir quais serão os próximos passos da mobilização contra medidas que vêm sendo tomadas ou propostas pela Seed (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte). Em Curitiba, um grupo de diretores da App-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná) e profissionais da categoria chegaram ao sétimo dia de greve de fome. Acampados em frente ao Palácio Iguaçu, os diretores dizem que a postura “negacionista” de atual gestão “põe em risco a vida e o emprego de mais de 30 mil trabalhadores da educação”.

Imagem ilustrativa da imagem Em greve de fome, professores fazem assembleia
| Foto: Reprodução/APP Sindicato

A luta da APP pela revogação do edital de contratação de quatro mil professores temporários via PSS (Processo Seletivo Simplificado), cuja seleção inclui de forma inédita uma prova, ainda não surtiu efeitos no gabinete do secretário de Educação Renato Feder. Isso porque, de acordo com a Seed, mais de 47 mil pessoas realizaram as inscrições e as provas estão confirmadas para o dia 13 de dezembro nas cidades-sede dos NREs (Núcleos Regionais de Educação). A pauta de reivindicações dos professores também inclui a revogação do processo de escolha dos diretores, que será presencial para as comunidades escolares a partir do dia 9 de dezembro, assim como foi a consulta pública realizada em outubro, que mobilizou 80 mil pessoas e decidiu pela adoção do programa de escolas cívico militares em 200 instituições do Paraná.

Para a APP, essas medidas realizadas em meio à pandemia da Covid-19 são características da chamada “necropolítica”, um conceito cunhado pelo filósofo Achille Mbembe em 2003 e que questiona a soberania do Poder Público para decidir quem deve viver ou morrer.

Agora, enquanto a APP denuncia o “fechamento” de escolas de forma “autoritária” pelo governo do Paraná, a Seed diz através de seu canal de notícias que vem realizando consultas com as comunidades escolares para avaliar o possível remanejamento de alunos para prédios com mais espaço. Por enquanto, sete escolas de Curitiba serão consultadas. São unidades de ensino que funcionam em prédios alugados ou cedidos pela Prefeitura de Curitiba, ou vêm registrando a queda no número de alunos, especialmente no ensino de jovens e adultos no período noturno, voltado para quem trabalha durante o dia.

Diretora do Departamento de Planejamento e Gestão Escolar da Seed, Adriana Kampa, afirmou à Agência Estadual de Notícias que esse processo faz parte do planejamento do ano letivo de 2021 e que foi motivado por “demandas da comunidade” de forma direta e via Ministério Público. A FOLHA também questionou a Seed na noite desta quarta-feira se unidades de Londrina também poderão ser consultadas. Porém, não obteve a resposta até o fechamento desta edição.

Segundo o presidente da APP, Hermes Leão, as medidas serão responsáveis por promover o desemprego quase 30 mil trabalhadores da educação. “Continuamos lutando para que seja revogada essa realização de prova por conta da pandemia, mas também porque o governo não realizou o debate do concurso público e das condições de trabalho para os temporários. No caso das mais de 9 mil funcionárias da limpeza e merenda, parte com idade avançada, a preocupação é imensa porque o governo aprovou a terceirização durante a pandemia e elas dificilmente serão capazes de se recolocar no mercado de trabalho durante a pandemia”, disse Leão.