Enquanto a proibição para a abertura do comércio chegou ao seu 14º dia, na primeira segunda-feira (6) do mês de abril muitos londrinenses precisaram se deslocar até os caixas eletrônicos dos bancos para utilizarem os serviços que os aplicativos de smartphones e os serviços on-line ainda não dão conta de suprir. A urgência em efetuar saques e depósitos em dinheiro, além de "trocar" cheques, foi citada dentre os clientes ouvidos pela reportagem como o motivo para “quebrar” a quarentena mesmo que mantendo distância dentro e fora das agências, como foi possível constatar.

Polícia Militar e Guarda Municipal realizavam "ronda" na região central
Polícia Militar e Guarda Municipal realizavam "ronda" na região central | Foto: Gustavo Carneiro/Grupo FOLHA

Foi este motivo que levou o segurança particular Wellington Franck a uma agência bancária. “Pagar as contas do mês”, respondeu.

Quem passou pelo centro de Londrina constatou que o movimento já era um pouco maior do que na maioria dos dias das últimas duas semanas e embora concorde que ir ao banco acaba aumentando o risco de transmissão do coronavírus, Franck ponderou que não há outro jeito. “Acaba arriscando, acaba tendo contato. Estou vendo bastante pessoas de idade também, que era para evitar, só que infelizmente é necessário. Um filho ou um neto deveria vir para evitar que [o idoso] saísse de casa”, lembrou.

A comerciante Rejane Munhoz disse que estava a caminho de uma farmácia e concordou que a quarentena não está sendo respeitada integralmente em Londrina. “Bastante movimento, no Calçadão, nos bancos, pessoas que não respeitam os espaços. Então acho que essa quarentena está meio duvidosa”, brincou.

Já para a designer de sobrancelhas Bruna Borges, que aguardava na fila de uma agência bancária, já é hora de determinar o retorno das atividades do comércio, mas “aos poucos”. "Está um pouco mais do que as outras semanas, mas ainda dá para ir levando assim. Até voltar tudo ao normal vai demorar um pouquinho, mas do jeito que está indo está dando pra levar. Só a questão do comércio mesmo que eu acho que deveria voltar pelo menos aos poucos”, avaliou.

Nas casas lotéricas, a movimentação para o pagamento de contas também era considerável. Entretanto, o que levou o autônomo e morador da região central Ciro Almeida à fila foi a esperança de ganhar uma “bolada”. Crítico do isolamento social, o jovem avaliou que os efeitos da medida sobre a economia serão muito “piores” para a população brasileira do que a própria doença. “Afeta muito. Já é um país pobre e cheio de dívidas. Não pode parar assim, apesar de que abrindo com certeza vai ter mais gente doente, mais gente vai morrer, só que eu creio que as pessoas mais novas deveriam continuar fazendo as coisas e as que estão em grupo de risco ficar em casa”, avaliou.

De acordo com dados divulgados pela In Loco, empresa brasileira especializada em georreferenciamento via sinais de wi-fi, o isolamento social no Brasil está sendo respeitado por, em média, 50,6% da população. Ao todo, 60 milhões de brasileiros foram “mapeados” e a conclusão foi que o índice de pessoas que decidiram manter o isolamento caiu na primeira semana de abril em comparação com o dia 22 de março, quando chegou a 69,6%. A tecnologia criada em Recife (PE) consegue analisar o local onde o proprietário do celular permanece durante a noite e conclui que este é o endereço de sua residência. No Paraná este índice foi de 49,1%.

Em Londrina, o número de casos confirmados da covid-19 subiu para 55 nesta segunda-feira. De acordo com o boletim da Secretaria Municipal de Saúde, 31 pacientes estão em isolamento domiciliar e não foram registradas novas mortes pela doença na cidade desde a última sexta-feira (3), quando o primeiro óbito no município foi confirmado.