São Paulo, 21 (AE) - Para se defenderem dos radares fotográficos no trânsito, os paulistanos estão procurando ajuda até na Internet. Nas últimas semanas, um e-mail com a localização dos equipamentos eletrônicos nas ruas de São Paulo tem circulado pela rede. A mesma lista também pode ser encontrada em vários sites. Apesar de ser de autoria desconhecida, boa parte da relação corresponde à da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET).
Com o Código de Trânsito Brasileiro, as multas por excesso de velocidade passaram a ser consideradas infrações graves (5 pontos) ou gravíssimas (7 pontos). Quem andar 20% acima do limite corre o risco de ter de pagar R$ 574,59 e ter a carteira de motorista cassada. Os 38 radares fixos e 27 móveis da capital têm atormentado muitos motoristas, que se esforçam para decorar os pontos onde estão localizados.
Segundo a CET, 655.820 multas foram aplicadas em São Paulo no ano passado por excesso de velocidade. A maioria das infrações foi registrada pelos aparelhos. O coordenador de vendas Arnaldo Sales de Oliveira, de 30 anos, foi multado duas vezes nas Marginais por radares. "Na época, havia placas com diferentes limites de velocidade e acabei me confundindo", explicou. Nos dois casos, ele estava apenas 10 km/h acima do permitido.
Oliveira afirmou que, hoje, pelo menos as vias de grande fluxo tiveram a sinalização corrigida. "A Prefeitura inventa essa história para arrecadar dinheiro", disse. Para ele, a fiscalização eletrônica não é a solução para coibir exageros. "O pessoal corre e, quando chega perto do radar, diminui a velocidade." Segundo Oliveira, a capital precisa escolher entre aumentar o número de aparelhos e eliminar os que estão instalados.
Já o advogado Vanderlei Novaes afirma que nunca teve problemas. "Ando abaixo da velocidade", explica. "Mas acho que os radares só existem para tirar nosso dinheiro."
Memória - O comerciante Roberto Frizzo, de 63 anos, passa pela Marginal do Tietê pelo menos quatro vezes por dia. "É evidente que sei onde estão os radares", afirmou. Ele garante que não costuma ultrapassar a velocidade máxima, mas acha que o limite no local poderia ser aumentado em 10 km/h. "Hoje, os carros estão modernos e não oferecem muitos riscos de segurança", explicou. "Mesmo assim, os equipamentos são válidos para evitar abusos."
Embora nunca tenha procurado lista com a localização dos radares, a nutricionista Heloísa Helena Henne, de 40 anos, concorda com a fiscalização. "Infelizmente, todo mundo entende apenas quando dói no bolso", disse. Ela também decorou os lugares da Avenida Sumaré - onde costuma passar com frequência - que têm controladores de velocidade. "Acho apenas que, antes de sair aplicando punições, deveria haver campanhas educativas."
Duas multas na Rodovia dos Imigrantes, quando estava chegando a São Paulo, deram bom prejuízo para a psicóloga Andrea Teixeira Sommer, de 23 anos. "Nem tentei recorrer, porque sabia que estava errada", explicou. Para ela, a presença dos aparelhos faz com que os motoristas acabem andando mais devagar. Mas, para que fossem mais eficazes, Andrea acredita que os pontos onde estão instalados os equipamentos não poderiam ser divulgados.
Divulgação - A legislação determina que nenhum radar pode ser ocultado dos motoristas. Por esse motivo, a lista de pontos onde estão situados também é pública. Detalhes sobre a localização podem ser obtidos na área "Informativo" da página da CET na Internet (www.cetsp.com.br).