No ano passado, o Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas treinou dez turmas de policiais para a operação de drones
No ano passado, o Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas treinou dez turmas de policiais para a operação de drones | Foto: iStock

Ferramentas tecnológicas estão sendo utilizadas para melhorar a mobilidade urbana, uma tendência que começa a ganhar espaço também em Londrina, com o crescimento do uso de drones para identificar gargalos, estudar melhorias e até antecipar problemas. Esses veículos aéreos não tripulados (VANTs) - na sua terminologia oficial, começaram a ganhar popularidade nos anos 1980 por conta do uso nos meios militares. Hoje, eles aparecem como uma alternativa importante quando o assunto é velocidade no deslocamento, transporte de pequenos objetos e monitoramento de espaços e situações, isso sem falar no uso cada vez mais crescente na segurança pública.

Os drones devem ser os grandes protagonistas do mercado de Mobilidade Aérea Urbana em um futuro não muito distante e enquanto isso não acontece se confirmam como importantes ferramentas para a elaboração de propostas que possam melhorar a maneira como os cidadãos se deslocam nos grandes centros urbanos.

Robson Naoto Shimizu é diretor de projetos do Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina) e juntamente com Maikon Henrique Sato dividem a responsabilidade dos voos com drones, utilizados principalmente para módulos de contagem de veículos, para monitoramento de fluxo de passagens e para a obtenção de ortofotos, uma fotografia aérea produzida em escala e livre de distorções que possibilita realizar medições de distâncias e objetos em suas respectivas posições geográficas, com altíssima resolução. “Com essas fotos, conseguimos ter dimensões de meio-fio, posição de postes, largura das vias e toda a geometria captada em alta definição. Utilizamos isso para estudos da própria geometria, mudança de curvatura e implantação de rotatórias, por exemplo”, explica.

Robson Naoto Shimizu,  diretor de projetos do Ippul, diz que o drone otimiza os processos, reduzindo deslocamentos e encurtando prazos
Robson Naoto Shimizu, diretor de projetos do Ippul, diz que o drone otimiza os processos, reduzindo deslocamentos e encurtando prazos | Foto: Gustavo Carneiro

Segundo Shimizu, com a utilização do drone, ocorre a otimização de todo o processo, encurtando tempo e reduzindo o deslocamentos de equipes para a realização do trabalho. “Para realizar a contagem de veículos, como fizemos ultimamente na Rotatória do Moringão com o drone, teríamos que descolocar uma equipe relativamente grande, de dez a quinze pessoas, posicionadas em vários pontos e que ficariam contando veículos. Com o equipamento, fica um operador de voo no local e outra pessoal acompanhando pelo monitor e fazendo a contagem. Com as ortofotos, conseguimos uma imagem de alta precisão sem depender necessariamente de um levantamento topográfico, por exemplo e isso agiliza bastante pelo menos a fase de estudo de geometria”, diz.

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O Ippul também tem usado bastante a tecnologia para o escaneamento das calçadas da cidade, dentro do projeto de melhoria das mesmas, previsto no Plano de Mobilidade de Londrina. “Utilizando os recursos de câmeras do aparelho, conseguimos trabalhar com as imagens como se fosse um scanner 3D, o que nos fornece um registro mais preciso do local. Com isso, podemos avaliar a acessibilidade, as larguras que sabemos ser muito variáveis, as rampas mal colocadas e assim por diante. Antigamente era só o registro fotográfico tradicional, mas com a tecnologia percebemos que é viável uma análise mais detalhada mesmo que ainda nos falte recursos para processar uma grande quantidade de imagens. É um recurso muito promissor para o futuro”, avalia Shimizu.

Até o momento, o IPPUL já realizou voos com o drone para a cobertura de uma área estimada de quase 610 Km² de calçadas que já estão mapeadas.

Em toda a Cidade, os drones à serviço do Ippul, já mapearam uma área de 19.441,75 Km² e o equipamento também vem sendo utilizado para o monitoramento de obras públicas e ações de desassoreamento dos fundos de vale de Londrina.

A utilização de drones no trânsito da cidade é bastante incipiente. De acordo com Laércio Voloch, gerente operacional de trânsito da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização de Londrina), a tecnologia ainda é uma novidade e não atinge diretamente os motoristas, pelo menos por enquanto. “Faz pouco tempo que começamos a utilizar drones, então os resultados ainda são muito preliminares. Eles vêm sendo usados para auxiliar na avaliação de medidas que podem ser adotadas para melhorar o fluxo. Com as imagens do drone, fica mais fácil entender a dinâmica de determinado local. Por exemplo, para se instalar um semáforo é necessário saber como é o fluxo em um cruzamento, quantos veículos passam em cada sentido, quais movimentos são efetuados, se viram para a direita, esquerda, seguem em frente; qual o fluxo de pedestres e ciclistas, etc.”, comenta. As imagens fornecidas pelo drone facilitariam e agilizariam o processo, uma vez que seria possível analisar todo o cruzamento e o entorno de uma só vez.

“O uso dos drones contribuem para a escolha da melhor solução para determinado local. Eles permitem não apenas fotos, mas vídeos em altitude maior, ampliando muito o campo de análise dos técnicos, resultando aos poucos em melhoras em todo o sistema de tráfego”, completa. Atualmente, os drones vêm sendo utilizados pela CMTU apenas no monitoramento do trânsito.

Inteligência artificial a favor da segurança

A Polícia Militar do Paraná adquiriu recentemente, através de um convênio entre a Secretaria de Segurança e o Instituto Água e Terra, um drone Matrice 300 RTK, equipamento de alta tecnologia, com grande potencial de emprego em operações policiais e de fiscalização.

Desde dezembro, vem sendo utilizado em missões de inteligência, fiscalização ambiental e de trânsito, levantamento de imagens, missões em apoio a defesa civil, medições geográficas e de monitoramento termal em todo o Estado. A máquina em poder da PM tem grande capacidade de zoom, estabilidade superior a maioria dos drones, câmera H20T, autonomia de 55 minutos em voo continuo com possibilidade de troca de baterias sem cortar o motor, além de outros recursos.

A estreia do drone foi durante jogo de volta da Final da Copa Intelbras do Brasil 2021 em meados de dezembro, na Arena da Baixada, em Curitiba, e de acordo com o tenente Maikon Venâncio Correa, oficial de comunicação do Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas - BPMOA / PMPR, o uso da tecnologia vem para somar e não substituir uma aeronave com tripulação.

“O setor da aviação, de modo geral, vem passando por um momento de evolução com as aeronaves remotamente pilotadas. A partir das imagens coletadas pela plataforma de observação, sem a necessidade de um operador embarcado, ganhamos mobilidade a aumentamos a agilidade do processo na operação. Os drones conseguem suprir muito bem algumas necessidades, mas não substituem a ação das equipes. Eles me permitem operar afastado da cena e com o real panorama do que está acontecendo no local, sem expor equipes e sem a necessidade de deslocamento”, comenta.

Em casos de grandes eventos, como foi o jogo na capital, Correa ressalta a vantagem da observação, em tempo real, de toda a movimentação ao redor do estádio. “É uma estratégia de atuação com tecnologia e a evolução é constante. Em muitos casos, já observamos a combinação de diversas tecnologias para o beneficio da missão, elas conversam entre si, como por exemplo, o tablet nas mãos do oficial com informação vindo de outro ponto da operação através das imagens dos drones. Todos esses recursos tecnológicos demandam outras ferramentas e aos poucos vamos montando o potencial da máquina com toda a infraestrutura que ela exige. É interesse estratégico da PM evoluir através da tecnologia”, diz.

No ano passado, o Batalhão de Polícia Militar de Operações Aéreas treinou dez turmas de policiais para a operação de drones e pretende dar continuidade aos cursos de formação também em 2022. De acordo com o sargento Ricardo Franco Lemos, a unidade busca, continuamente, explorar o potencial do uso da tecnologia nas mais diversas áreas e já existem rascunhos de resultados da aplicação dos drones que atestam o potencial do instrumento.

“No trânsito, especialmente, o drone busca imagens das placas. Ainda existe uma dificuldade de identificação com um drone comum por causa do ângulo e do software de reconhecimento que faz a leitura e não consegue construir o polígono correto com a informação. Com o novo equipamento, temos uma câmera especializada capaz de fazer isso”, explica. Para o oficial, a aplicação mais imediata no trânsito, nesse momento, seria para a agilizar a ação da própria PM no caso de interrupção por conta de acidentes.

“O drone ajuda no levantamento nos locais de ocorrência, agilizando as situações da construção do croqui para o estudo detalhado do ambiente do acidente e isso também ocorre no caso de fiscalização. Ele nos permite contextualizar o que aconteceu. Ao invés de uma equipe se deslocar até o local, interromper todo o trânsito, basta subir o drone, captar uma imagem e liberar o trafego mais rapidamente”, explica.

Na avaliação de Lemos, hoje os drones vêm sendo utilizados parar resolver situações mais práticas, com uma aplicação imediata e a partir disso é que são feitos projetos para a ampliação do uso do equipamento. “O BPMOA forma os agentes e faz a prova de conceito da aplicação do drone. Temos atuado em apoio às outras unidades e em operações maiores já pré-programadas, fazendo o antes da situação e o estudo de caso durante o evento. Isso nos permite distribuir melhor o efetivo e até responder rapidamente a uma mudança de comportamento da aglomeração. Em determinados ambientes, a utilização do drone nos permite identificar um indivíduo e segui-lo até uma abordagem segura. O mesmo para um veículo numa rodovia”, cometa.

A Policia Militar, continua Lemos, está buscando usufruir de todo o potencial da ferramenta e da sua aplicação. “É tudo bastante novo e a cada dia surgem novas possibilidades. O investimento também cresce e outras tecnologia se agregam continuamente”, diz.

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