Rio de Janeiro - A parcela da população de 25 a 64 anos que não havia concluído a educação básica obrigatória foi de 41,5% no Brasil em 2022, apontam dados divulgados nesta quarta-feira (6) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A proporção significa que 2 em cada 5 brasileiros dessa faixa etária não haviam finalizado o ensino médio à época.

O percentual corresponde a mais do que o dobro da média de 20,1% estimada em 2021 para os países da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), conhecida como o "clube dos ricos", cujos membros se comprometem com boas práticas para o funcionamento de governos e economias.

O resultado também coloca o Brasil com uma proporção de pessoas sem ensino médio acima de países latino-americanos como Colômbia (37,9%), Argentina (33,5%) e Chile (28%).

"Se limitarmos a comparação ao grupo etário mais novo, de 25 a 34 anos, o Brasil continuava, em 2022, com um percentual duas vezes maior do que média dos países da OCDE em 2021, isto é, 28,6% para o Brasil em comparação com 14,2% para a média da OCDE", diz o IBGE.

As informações integram a Síntese de Indicadores Sociais. A publicação analisa estatísticas de pesquisas como a Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), também produzida pelo IBGE, e outras fontes.

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Betina Fresneda, analista da síntese do instituto, associou o resultado ao atraso do investimento em educação no Brasil frente a outros países. "Isso se reflete no nível de instrução alcançado pela população adulta", disse.

Segundo o IBGE, o atraso na expansão do sistema de ensino brasileiro também se traduz no baixo percentual de pessoas de 25 anos a 64 anos que concluíram o ensino superior. Enquanto a média dos países da OCDE em 2021 estava em 41,1%, o dado brasileiro em 2022 correspondia a cerca da metade: 20,7%.

Ainda que a faixa etária de 25 a 34 anos tenha atingido um percentual maior de pessoas com ensino superior no Brasil, de 23,4% em 2022, o resultado também ficou distante da média da OCDE em 2021 (46,9%). O percentual brasileiro (23,4%) estava abaixo de países latino-americanos como México (27,1%), Colômbia (30,5%) e Chile (40,5%).

O IBGE também destacou que, de 2019 a 2022, a frequência escolar manteve trajetória de crescimento apenas em 1 dos 4 grupos etários analisados, o de 15 a 17 anos.

Nessa parcela, o indicador subiu de 89% para 92,2%, mas ainda ficou aquém da universalização, conforme previsto na Meta 3 do PNE (Plano Nacional de Educação).

O acesso a creches das crianças de 0 a 3 anos manteve-se estatisticamente estável de 2019 para 2022 (de 35,5% para 36%). Assim, interrompeu a expansão na cobertura da oferta de ensino para essa faixa etária.

Já a frequência escolar do grupo de 4 e 5 anos, no início da obrigatoriedade da educação básica, caiu 1,2 ponto percentual de 2019 para 2022, de 92,7% para 91,5%.

"Esses resultados indicam que a pandemia de Covid-19 prejudicou a garantia de acesso à escola. Esse prejuízo ainda não foi revertido em 2022, mais de dois anos depois dos primeiros casos de Covid no Brasil", avaliou Betina Fresneda, analista da síntese do instituto.

Na faixa de idade de 6 a 14 anos, a universalização já estava praticamente alcançada, passando de 99,3% em 2019 para 99,4% em 2022.