Os docentes e técnicos do campus de Londrina do IFPR (Instituto Federal do Paraná) fizeram um ato para cobrar reposição salarial e plano de carreira para os profissionais na tarde desta quarta-feira (3). Com perdas salariais de 35% para docentes e 40% para técnicos, os profissionais querem a recomposição de pelo menos 9% já para 2024 e mais 6,05% a partir de 2025, além do plano de carreira.

Professor de sociologia do campus de Londrina do IFPR e diretor de carreira docente do Sindiedutec (Sindicato dos Trabalhadores da Educação Básica Técnica e Tecnológica do Estado do Paraná), Rogério Marlier explica que a data marca uma mobilização nacional entre todos os campi do IF para dar início a greve de docentes e técnicos. Em Londrina, o Instituto Federal já está em greve desde 25 de março com mais de 80% de aprovação entre docentes e técnicos. Dentre os 26 campi do Paraná, 22 já estão em greve.

A mobilização está tomando forma, segundo ele, por conta da defasagem salarial de mais de 40% para técnicos e de cerca de 35% para docentes. Entre 2016 e 2022, os salários dos trabalhadores da educação da esfera federal não tiveram um reajuste de acordo com a inflação. No ano passado, Marlier ressalta que o governo federal propôs um reajuste emergencial de 9% para todas as categorias, que foi pago.

Em dezembro, uma nova proposta feita deixaria os professores sem reajuste em 2024 e, entre 2025 e 2026, seria aplicada uma recomposição de 9% (4,5% em cada ano). “O salário do professor está abaixo do piso nacional do magistério, que foi implementado em 2008”, explica, citando que um professor recebe em torno de R$ 3.500.

Como as mesas de debate entre os sindicatos, o MEC (Ministério da Educação) e o MGI (Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos) ainda estão em andamento, a expectativa do docente é que até até maio o governo federal encaminhe uma proposta de reajuste ainda para esse ano. Na contraproposta encaminhada pelas entidades, o reajuste seria de 9% já para 2024 e 6,05% a partir de 2025 para a carreira docente, equiparando ao piso nacional do magistério, e a reestruturação da carreira dos técnicos.

“A greve entra como um elemento de pressão a mais para essa negociação e é um último recurso”, explica, complementando que, para entrar em vigor ainda em 2024, o reajuste precisaria ser votado e sancionado até o mês de maio. Reforçando a qualidade do ensino público federal, o professor aponta que é necessário que os docentes e técnicos tenham uma remuneração digna. “Nós formamos profissionais de alta qualidade para o mercado de trabalho da cidade de Londrina e nós estamos aqui nesse processo para melhorar a qualidade de ensino e para que a educação não seja vista como algo fora dos parâmetros do governo”, afirma.

Em Londrina, os técnicos da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) também estão em greve desde o dia 11 de março e os docentes já sinalizaram o movimento de greve a partir de 15 de abril. Márcio José Alves, técnico de laboratório da UTFPR e delegado sindical de base, também esteve presente no ato.

“A principal mudança do plano de carreira seria a valorização das progressões do técnico”, explica, detalhando que a progressão por tempo dos técnicos, que é de 18 meses, é maior do que para outras carreiras, que fica em torno de 12 meses. A desvalorização do profissional técnico, segundo Alves, dificulta até mesmo a manutenção da mão de obra, já que a cada quatro técnicos que entram nos Institutos e Universidades Federais, apenas um permanece.

Cursando o terceiro ano no campus de Londrina do IFPR e presidente do grêmio estudantil, Isadora de Jesus Ferreira, 17, explica que os alunos apoiam a greve e o movimento organizado pelos docentes e técnicos. Por falta de verba, ela admite que o campus de Londrina não tem quadra esportiva e não fornece merenda para os alunos. “Se a gente não apoiar os professores nas demandas deles, eles não vão apoiar a gente nas nossas demandas, então o movimento estudantil está aqui para juntar [forças] com os professores para que a gente tenha uma greve com bons resultados”, afirma.