O movimento dos servidores públicos do Paraná em busca de reposição das perdas salariais ganhou a adesão dos professores e servidores técnico-administrativos da UEL (Universidade Estadual de Londrina), que aprovaram a deflagração da greve no campus ao longo desta terça-feira (2). Até então apenas os servidores da UEM (Universidade Estadual de Maringá), Unespar (Universidade Estadual do Paraná), campus de Apucarana, e da Uenp (Universidade Estadual do Norte do Paraná) de Jacarezinho, Bandeirantes e Cornélio Procópio haviam decidido pela greve. Logo em seguida, o governador Ratinho Junior (PSD) convocou uma coletiva de imprensa para a manhã desta quarta-feira (3) em Curitiba, cujo tema será o reajuste do funcionalismo.

Na assembleia, professores demonstraram preocupação em terem os dias descontados
Na assembleia, professores demonstraram preocupação em terem os dias descontados | Foto: Vitor Struck

Na UEL, os docentes decidiram paralisar as atividades imediatamente e aprovaram o envio do pedido de suspensão do calendário letivo ao Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão), “dando mais garantias legais para que os estudantes possam não ter problemas com o andamentos desiguais de atividades dos docentes”, lembrou o presidente do Sindiprol/Aduel (Sindicato dos Professores do Ensino Superior Público Estadual de Londrina e Região), Ronaldo Gaspar.

Já no HU (Hospital Universitário), o início da greve ficou marcado para segunda-feira (8). "Legalmente temos 72 horas para organizar o comando de greve e avisar as autoridades. Precisamos comunicar a Alep (Assembleia Legislativa do Paraná), o governo, o prefeito, nosso reitor e a superintendente do HU", esclareceu Arnaldo Mello, presidente da Assuel (Sindicato dos Servidores Públicos Técnico-administrativos da UEL).

No hospital, assim como na Clínica Odontológica da UEL, HV (Hospital Veterinário) e Hospital das Clínicas, somente os serviços essenciais devem ser mantidos. "Pelo HU ser um hospital de alta complexidade, é preciso ter um cuidado muito grande na atenção aos pacientes. Teremos um comando de greve lá. No HV também vamos organizar, pois não podemos colocar a vida dos animais em risco. Na Clínica Odontológica serão realizados somente atendimentos de hemorragia, abscesso e trauma. Os outros atendimentos serão suspensos", reforçou Mello.

Na assembleia, alguns professores também demonstraram preocupação em terem os dias descontados, o que pode virar alvo de ações judiciais. “Esperamos que, caso a nossa greve venha a ser julgada, que os tribunais entendam aquilo que nós e a própria legislação dizemos que a greve é um direito do trabalhador e que o trabalhador não pode ser punido por fazer greve”, afirmou o presidente.

Os servidores apontam que a defasagem salarial dos últimos três anos e meio é de 17,04% sendo 4,94% relativos à inflação do período entre maio de 2018 e abril deste ano. “Se essa proposta for apresentada, a categoria está aberta a debatê-la e inclusive deliberar sobre a continuidade do movimento grevista se o governo abrir também uma mesa de negociações que contemple o restante da nossa defasagem”, avaliou Gaspar.

Enquanto isso, governo, deputados da área da segurança da base aliada e representantes dos policiais civis e militares estiveram reunidos. De acordo com Washington Alves, presidente da AVM (Associação da Vila Militar), o governador Ratinho Junior teria reforçado o compromisso em apresentar uma proposta sobre a data-base até quarta-feira (3).

Nos bastidores, falava-se em uma proposta que seria a de reposição dos quase 5% da inflação deste ano, mas de forma “escalonada” até 2022, que chegou a ser considerada insatisfatória pelos presentes na assembleia. Questionado, o deputado da região de Londrina, Tercílio Turini (PPS/Cidadania), que participou da reunião no Palácio Iguaçu, comentou que qualquer análise dependeria de formalização.

“Eu acho que algumas coisas, assim o governo fala de parcelar a data-base deste ano que é 4,94% ai num determinado período que pode ser que dependendo do avanço das receitas possa se discutir, mas não está no papel, acho que o governo vai ter que colocar no papel”, avaliou.

Já para o líder de Ratinho Junior na Assembleia Legislativa do Paraná, o deputado Hussein Bakri (PSD), o governo demonstra coerência com o que havia prometido ao formar uma comissão para dialogar e receber as demandas dos servidores “que não versam apenas sobre a data-base”. À FOLHA, Bakri reafirmou que Ratinho irá apresentar um pacote que “envolve, além da data-base, a questão relativa à contratação de profissionais para a segurança pública”, indicou.

Questionado, Gaspar afirmou que espera unidade entre as categorias. “Nós esperamos que os policiais entendam que a greve é todos os servidores, não façam nenhum acordo à parte porque a reivindicação é conjunta e ela só será atendida na íntegra se todos os servidores se unirem na mesma luta. Os direitos que os policiais têm são os mesmos que nós temos, assim como os do Judiciário e do Legislativo. Lembremos que o governo dá reajuste salarial há três anos para os outros poderes e não dá para o Poder Executivo, justamente servidores que estão mais diretamente envolvidos com as demandas da população, educação, saúde e segurança”, avaliou.

Além de reivindicarem a reposição, os servidores são contrários à Lei Geral das Universidades e ao projeto de lei complementar 04/2019, que afetariam a autonomia das universidades. "O sindicato acredita que o projeto de Lei Geral das Universidades é inconstitucional porque ela vem ao encontro de um outro interesse do governo que é apresentar um outro projeto de lei que praticamente arrebenta com o serviço público do Estado”, lamentou Gaspar. A primeira reunião do comando de greve ficou agendada também para a manhã desta quarta-feira.