O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) confirmou à FOLHA que o Paraná tem pontes localizadas em rodovias federais classificadas como ruins ou críticas. Ao todo, são 19 pontes em seis rodovias: BR-153, BR-158, BR-163, BR-272, BR-476 e BR-487. Nesses trechos, as manutenções já estariam concluídas, contratadas ou previstas. Não há informações se os pontos estão interditados.

Em nota encaminhada à reportagem, o DNIT disse que o Paraná tem 102 pontes administradas pelo departamento, sendo que as classificadas como ruins estão localizadas na BR-153 (quatro pontes), BR-158 (duas pontes), BR-163 (três pontes), BR-272 (duas pontes) e BR-476 (duas pontes). Aquelas em situação crítica estão situadas ao longo das rodovias BR-153 (três pontes), BR-476 (duas pontes) e BR-487 (uma ponte).

A informação sobre os problemas nas pontes foi apurada inicialmente pela "Folha de São Paulo" e publicada no dia 24 de dezembro. Em todo o Brasil, são 727. A reportagem detalhou que as pontes poderiam estar com problemas estruturais e funcionais, como danos no concreto, fissuras, falhas nas fundações, desgaste no sistema de drenagem, entre outros.

O DNIT explicou que todas as pontes em situação crítica ou ruim em vias administradas pelo órgão, assim como os viadutos e pontilhões, estão com a manutenção concluída, contratada ou prevista. A manutenção é feita através do Proarte (Programa de Manutenção e Reabilitação de Estruturas). “Entre as intervenções realizadas estão a limpeza da ponte e dos aparelhos de apoio, substituição das juntas de dilatação, instalação de pingadeiras de elastômero, entre outros serviços”, disse em nota, complementando que, no segundo semestre de 2024, 16 pontes foram entregues com os serviços de manutenção executados pela departamento.

A classificação que vai de 1 a 5, sendo o 1 uma situação crítica e o 5 uma ponte definida como ótima, é feita com base nas inspeções realizadas pelo DNIT. A classificação, segundo a nota, aponta a necessidade de “ações preventivas e corretivas levantadas em inspeções, auxiliando na tomada de decisão da autarquia e priorizando os investimentos". Além disso, o departamento reforçou que “a nota de classificação não é indicador para interditar ou não uma estrutura”.

Após a publicação da matéria na "Folha de São Paulo", o deputado estadual Tercílio Turini (MDB) protocolou um pedido de informação na Superintendência Regional do DNIT na terça-feira (14), mas ainda não obteve resposta. No documento, o deputado disse ter questionado a veracidade dessas informações e a localização dessas pontes, além de outras informações complementares. Foi solicitada urgência no pedido de informação.

“Nós pedimos informações também sobre os viadutos, que podem ter os mesmos problemas das pontes”, afirma. Turini destaca que milhares de pessoas passam pelas rodovias todos os dias, já que esse ainda é um período de férias e muitas pessoas fazem o trajeto até seus destinos. Além disso, a colheita e o escoamento da safra de soja também começam em breve, o que aumenta ainda mais o número de caminhões nas estradas.

“Nós estamos falando em vidas, em evitar acidentes e preservar vidas”, aponta o deputado, citando o acidente que aconteceu na ponte Juscelino Kubitschek de Oliveira, que liga Tocantins ao Maranhão, e deixou ao menos 14 mortos no dia 22 de dezembro. Outras três vítimas permaneciam desaparecidas.

PONTES ESTADUAIS

Questionado pela FOLHA sobre a situação das pontes em rodovias estaduais, o DER-PR (Departamento de Estrados de Rodagem) garantiu que não há nenhuma em situação de risco. Entre 2021 e 2022, o DER fez a inspeção de 642 pontes, o que resultou na licitação e contratação de obras de manutenção e conservação em 195. “Com a maioria destas melhorias já finalizadas, solucionando danos estruturais, reforçando estruturas mais antigas e inclusive alargando algumas delas para melhorar a capacidade de tráfego”, explica o órgão. Uma nova inspeção, que vai abranger mais de 10 mil quilômetros de rodovias estaduais, vai começar na segunda-feira (20) e deve durar 450 dias.