Imagem ilustrativa da imagem 'Difícil saber que eu não vou mais olhar para ela’, diz mãe de Eduarda

“Era uma menina brincalhona, superinteligente, gostava de dançar, brincar, cantar. Ela mandava bastante vídeo para mim cantando. Era muito aberta, gostava muito de conversar, fazer amizade”. É assim que Jéssica Pires define como era a filha, Eduarda Shigematsu, 11 anos. A morte da menina de Rolândia (região metropolitana de Londrina) completou um mês na sexta-feira (24).

O pai da garota, Ricardo Seidi, e a avó paterna, Terezinha Guinaia, estão presos suspeitos de cometerem o crime.

Em vídeo divulgado pelo advogado de defesa, a mãe conta como está sendo lidar com a perda da filha. “Difícil saber que eu não vou mais ouvir a voz dela, que ela não vai mais me mandar mensagem, que eu não vou mais olhar pra ela, ver o sorriso dela”, diz, emocionada.

Jéssica frisa que não abandonou a menina. “Eu nunca quis entregar minha filha. Por mais que eu estivesse passando por momentos difíceis, eu levava ela para onde eu fosse. Eu não cheguei nem a ser ouvida no processo de guarda”, afirma.

“O juiz simplesmente concedeu a guarda para ela (a avó, Terezinha Guinaia). Eu não cheguei nem a ser ouvida”, alega a mãe. “Teve um momento que eu achei que ela ia ser melhor cuidada porque eles tinham mais condições. Eu estava passando por um momento muito difícil, estava desempregada, eu não tinha residência fixa, e eu jamais judiaria da minha filha. Eu amava muito ela. Amo muito ela. E ela me amava muito também”, afirma.

A mãe alega que a avó de Eduarda sempre demonstrou interesse na guarda dela. Quando o casal se separou, de acordo com Jéssica, ela fazia denúncias falsas no conselho tutelar e “se aproveitou de um momento que eu estava passando por muitos problemas: eu era muito nova, não sabia a quem pedir ajuda, a quem recorrer", pontua.

ENVOLVIMENTO DE PAI E AVÓ

Ainda assim, Jéssica confirma que não cogitou a hipótese de que Ricardo e Terezinha pudessem estar envolvidos no crime. “Nunca. Eu nunca imaginava. A gente passou uns dias procurando ela, e o Ricardo estava abatido, e parecia que ele estava preocupado”, lembra. “Tereza tentava me culpar do sumiço da Eduarda, mas ela não demonstrava preocupação com a Eduarda. Parecia que, naquele momento, o que ela queria era que todos pensassem que eu tinha sumido com a Eduarda”.

Eduarda e a avó tinham um bom relacionamento, conforme a mãe. “Do Ricardo, ela nunca foi muito próxima. Ela passou a conviver com ele depois que o avô morreu. Mas ela gostava de estar perto do pai. Parecia que ela estava feliz”, conta. “Ela falava que ele era bravo e esperava ela chegar da escola no portão. Mas ela falava que ele comprava as coisas que ela gostava. E eu ficava feliz por isso. Ela me mostrou um material que ele tinha comprado, e ela estava muito feliz".

Jéssica recorda que a única coisa que a menina comentou era sobre a mudança de comportamento da a avó após o falecimento do avô. “Eu até expliquei para ela que era normal, que ela estava triste, e que era normal ela mudar um pouco”.

MUDANÇA

A mãe revelou ainda o desejo de reaver a guarda da filha. "Nas últimas conversas, eu falava pra ela que eu ia esperar ela completar 12 anos, que ela ia ter uma voz ativa. E ela queria muito vir morar comigo. Muito. E está sendo muito difícil para mim porque ela não merecia ir embora dessa forma... Só espero que a justiça seja feita e que eles paguem pelo que fizeram”, finaliza.

DEFESA LAMENTA POSTURA DA AVÓ

Em nota, o advogado Hugo Zuan Esteves, que defende Jéssica Pires, informa que “lamenta as declarações da defesa da investigada Terezinha no sentido de que Eduarda sofria maus-tratos pela mãe”. O defensor considera que, “Além de falsa, essa declaração representa claro subterfúgio da defesa, a desviar o foco das investigações, pois a mera análise cronológica dos fatos amplamente divulgados demonstra ser improvável que Terezinha, ao menos, não soubesse do ocorrido".