São Paulo - Com taxas de desmatamento anuais crescentes, o Brasil perdeu 108.463 km² de seus biomas desde 2017 até 2021 – esse número equivale a pouco mais que a área de Pernambuco.

No Brasil, a maior fonte de emissões é o desmatamento, especialmente o da Amazônia
No Brasil, a maior fonte de emissões é o desmatamento, especialmente o da Amazônia | Foto: Mauro Pimentel/AFP

É o que mostram os dados do Prodes Brasil, o novo programa do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) que passa a monitorar desmates em todos os biomas do país. As novas informações foram divulgadas nesta quarta-feira (14).

Até o momento, o Prodes só apresentava taxas anuais de derrubada de vegetação nativa da Amazônia e do cerrado, cujo dado foi tornado público também nesta quarta.

No novo monitoramento do Inpe há dados para Pantanal, mata atlântica, caatinga e pampa a partir de 2017. Para o período anterior, há uma estimativa de derrubada agregada.

A ampliação do acompanhamento feito pelo instituto foi possível graças a verbas provenientes do Fundo Amazônia em 2018. No ano seguinte, o primeiro do governo Jair Bolsonaro (PL), o bilionário fundo foi paralisado por ações do presidente e do então ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, eleito neste ano deputado federal por São Paulo.

Primeiro, Bolsonaro, com um decreto, extinguiu um sem-fim de colegiados, o que atingiu o Cofa (Comitê Orientador do Fundo Amazônia) e acabou por paralisar as ações do Fundo Amazônia. Posteriormente, sem apresentar detalhes, Salles afirmou que havia problemas com contratos do fundo, que passava por auditorias anuais.

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Por fim, ao começarem negociações para uma retomada, Salles buscou alterar a governança do fundo e dar maior peso de decisão para o governo federal. A ideia não agradava Noruega e Alemanha, principais doadores do fundo, e as tratativas não avançaram.

Com a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, os dois países se mostraram dispostos a voltar a discutir o Fundo Amazônia, que pode ganhar novos doadores.

Voltando aos dados do novo programa do Inpe, na mata atlântica, por exemplo, bioma mais devastado do país e onde se concentra a maior parte da população brasileira, resta somente 27,8% da vegetação.

Uma observação é válida para esse bioma. Se você acompanha com alguma frequência os dados de desmatamento, já deve ter visto dados, provenientes de uma parceria entre a ONG SOS Mata Atlântica e o Inpe, que apontam que pouco mais de 12% dessa mata permanece em pé. A diferença está na metodologia mais restritiva desse acompanhamento, que considera somente remanescentes florestais mais maduros.

O Pantanal, em compensação, ainda tem cerca de 77% de vegetação nativa, segundo os dados do Prodes Pantanal. Os dados referentes a 2022 devem sair no primeiro semestre do ano que vem.

Com o maior detalhamento sobre o desmatamento no país se expandem as possibilidades relacionadas aos cálculos de emissões de gases-estufa. No Brasil, a maior fonte de emissões é o desmatamento, especialmente o da Amazônia, que vem puxando para cima os dados de emissões nacionais e pondo em risco o compromisso internacional brasileiro de redução na emissão de gases. A pecuária também tem significativa participação nas emissões do país.

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