Máscaras descartáveis e de tecido, agulhas, seringas e luvas são encontrados facilmente em meio aos materiais recicláveis coletados em Londrina pela Cooper Refum (Cooperativa Reciclando para um Futuro Melhor). Os itens descartados junto aos recicláveis preocupam trabalhadores do setor.

A presidente da cooperativa, Selma Gonçalves, afirmou que alguns materiais com risco de contaminação eram encontrados esporadicamente antes mesmo da pandemia de Covid-19. No entanto, o volume aumentou após a obrigatoriedade do uso de máscaras pela população em geral.

As máscaras devem ser colocadas em uma sacola plástica e descartada como rejeito
As máscaras devem ser colocadas em uma sacola plástica e descartada como rejeito | Foto: Gustavo Carneiro

“Chegavam alguns materiais, mas isso era muito raro. O pessoal não está fazendo questão de separar rejeito e reciclável”, lamentou. Para reduzir os riscos de contaminação, os recicladores utilizam máscaras e luvas, além de reforçar a higienização das mãos com água e sabão ou álcool gel ao retirar a proteção.

“Não tem outro jeito. A gente precisa trabalhar. A gente está tentando conversar com os moradores, mas é uma época muito difícil. Estamos fazendo de tudo para que a gente continue em pé”, frisou Gonçalves. Ao todo, 32 trabalhadores atuam na cooperativa.

A professora do Departamento de Enfermagem da UEL (Universidade Estadual de Londrina), Danielly Negrão, alerta para a necessidade de conscientizar a população sobre o descarte correto de itens que possam estar contaminados. Ela é integrante do Ninter (Núcleo Interdisciplinar de Resíduos), formado por representantes de vários departamentos da universidade.

Para não expor os trabalhadores, as máscaras, tanto as descartáveis quanto as de tecido que não podem mais ser utilizadas, devem ser colocadas em uma sacola plástica com identificação do lado de fora. A embalagem deve ser descartada como rejeito, no lixo comum.

“Para as pessoas que estão em isolamento domiciliar com sintomas da doença, é importante colocar as máscaras em embalagem dupla e avisar o síndico ou representante do condomínio, se for o caso, para alertar sobre o descarte dos resíduos”, explicou. Conforme Negrão, em alguns casos, equipes que realizam atendimento domiciliar dos pacientes também podem recolher os resíduos e fazem o descarte como lixo hospitalar. “É preciso levar isso muito a sério”, destacou.

O integrante do Comitê Técnico do InPAR (Instituto Paranaense de Reciclagem), Mauricy Kawano, lembrou que o ideal é reservar uma lixeira exclusiva para o descarte de máscaras em casa, principalmente nos casos de pessoas com suspeita ou confirmação da doença.

“O descarte pode ser feito, preferencialmente, no lixo do banheiro. Máscaras, luvas e outros materiais utilizados devem ser colocados em uma sacola plástica, que, em geral, deve ser colocada em uma segunda sacola e amarrada na ponta. A sacola deve ter também uma identificação clara como ‘máscaras’ ou ‘material contaminado’”, reforçou.

Para auxiliar o descarte consciente, Kawano sugere a lojistas e proprietários de estabelecimentos comerciais que já retomaram as atividades que disponibilizem lixeiras exclusivas para que os clientes possam descartar esses tipos de resíduos.

Desde que o vírus começou a circular no Brasil e o emprego das máscaras se tornou obrigatório em locais públicos e particulares de uso coletivo em Londrina, a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) tem recebido queixas das cooperativas de reciclagem. As entidades da coleta seletiva reclamam que muitos moradores têm desprezado as recomendações de segurança, descartando os artigos em meio a vidros, plásticos, alumínio e papel.

O gerente de Resíduos da CMTU, Gilmar Domingues, explica que máscaras e luvas descartáveis, depois de utilizadas, devem ser jogadas junto com o rejeito. Nessa categoria estão incluídos materiais sem possibilidade de reaproveitamento ou reciclagem, como papel higiênico, fraldas e absorventes íntimos usados.

Segundo Domingues, no entanto, não basta apenas dispensar os produtos no lixo do banheiro, por exemplo. É preciso, antes, envolvê-los em sacos plásticos para diminuir as chances de contaminação. “A orientação é que, após o uso, máscaras e luvas descartáveis sejam jogados fora imediatamente em um saco plástico fechado. Depois disso, é preciso evitar tocar a superfície da embalagem ou o rosto, bem como lavar as mãos com água e sabão ou com preparação alcoólica a 70%”, detalhou.

Quanto às máscaras de tecido, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) orienta que elas devem ser descartadas quando houver perda de elasticidade das hastes de fixação ou deformidade no proteção. Tanto as máscaras de TNT quanto as de tecido devem ser removidas segurando o elástico ao redor das orelhas, sem tocar a parte frontal, que pode estar contaminada.