PONTA GROSSA - A desapropriação para fins de reforma agrária da Fazenda Boa Vista, no município de Tibagi (Centro do Paraná), não vai resolver o problema das cerca de 150 famílias que ainda ocupam a área. A fazenda, invadida por 300 famílias de sem-terra em outubro do ano passado, foi desapropriada pelo governo federal. O decreto do presidente Fernando Henrique Cardoso foi publicado anteontem pelo ‘‘Diário Oficial da União’’.
Os 411 hectares a serem desapropriados são insuficientes para o assentamento das mais de 600 pessoas que ocupam a área. Oswaldo Euclydes Aranha, assessor da superintendência do Incra no Paraná, reconhece que a área é insufiente para acomodar todos os sem-terra. Segundo Aranha, as famílias que não ficarem na Fazenda Boa Vista serão assentadas em outras áreas que devem ser desapropriadas nessa mesma região.
O proprietário da Fazenda Boa Vista chegou a conseguir a reintegração de posse da área em novembro do ano passado. A reintegração foi efetuada, mas depois de um acordo entre o proprietário da fazenda e a superintendência do Incra, os sem-terra voltaram a ocupar a área. Quando deixaram a fazenda, os sem-terra acamparam às margens da rodovia, em frente à propriedade.
O próximo passo do Incra será a vistoria da área para que se possa determinar o valor da fazenda. O estudo para definir como a área será dividida e trabalhada pelas famílias deve ser realizado somente depois da concretização de todo o processo, com a emissão dos títulos de posse.
Conforme informações da promotoria pública de Tibagi, os sem-terra já começaram a cultivar a terra da fazenda, prevendo a sua desapropriação.
Resistência - Os sem-terra que ocuparam a fazenda Guabijú, em Jóia (interior de RS), no dia 4 de fevereiro, resolveram não acatar a ordem de reintegração de posse da juíza de Santo Augusto, Márcia Amaral. Ontem, eles disseram ao oficial de Justiça encarregado do despejo que somente sairiam à força ou depois de uma solução do governo para as quatro mil famílias acampadas no Estado. A advogada Sandra Feltrim levou ao Fórum de Santo Augusto um pedido para que o prazo fosse estendido mas a juíza, irredutível, nem recebeu o pedido.
Entretanto, os sem-terra serão dificilmente removidos da fazenda antes da próxima semana, na avaliação do comandante substituto da Brigada Militar, coronel Orlandir Moresco. Ele explicou que agora a Justiça tem que se definir pela desocupação compulsória, mas é preciso se encontrar outro local para levar os sem-terra.