O deputado federal Emerson Petriv, mais conhecido como Boca Aberta (Pros), voltou a ser citado em um Boletim de Ocorrência por agressão contra um oficial de Justiça na tarde desta quinta-feira (30). Esta é a segunda vez em que Boca Aberta á acusado de agredir um oficial de Justiça durante o exercício profissional. Já nesta sexta, Petriv, que já havia se envolvido em uma confusão que lhe rendeu um soco no rosto por parte de um vereador de Londrina no ano passado, disparou mensagens em que considera mentirosa a acusação do servidor judiciário Thiago de Oliveira Hidalgo.

Emerson Petriv já apresentou projeto que prevê amputação das mãos de parlamentar pego em escândalo de corrupção
Emerson Petriv já apresentou projeto que prevê amputação das mãos de parlamentar pego em escândalo de corrupção | Foto: Câmara dos Deputados

De acordo com o profissional, após não ter encontrado Petriv em seu gabinete na zona norte de Londrina para intimá-lo com hora marcada, o deputado e dois assessores passaram a persegui-lo e filmá-lo “de forma completamente desvairada, aos gritos e em distância incompatível com a pandemia”, relatou. Hidalgo disse não ter reagido em nenhum momento às provocações do deputado, que teria afirmado que não tem “medo”, frisou. “Pode vir Polícia Federal, seu safado”, relatou o oficial à Polícia Civil de Londrina na noite desta quinta.

No entanto, Petriv também é acusado de ter dado um tapa no celular do profissional quando ele também decidiu filmar a situação “vexatória” em que disse estar. Em seguida, ao agachar-se para pegar o aparelho do chão, também teria levado um chute no abdome pela lateral, “causando queda no asfalto e a calça rasgada no joelho com escoriações”, afirmou. Em seguida, o deputado e sua equipe saíram do local, finalizou.

Prevendo que o fato se tornaria público, o deputado enviou uma certidão e um material em vídeo sobre a confusão à reportagem já no início da tarde desta sexta-feira.

As imagens mostram o oficial de Justiça chegando ao gabinete para intimar Petriv em um processo que tramita em segredo de Justiça na 9ª Vara Cível de Londrina. Um assessor vai ao encontro dele e passa a balançar a cabeça negativamente. Em seguida, o oficial de Justiça retira de uma das mangas da camisa a intimação, conversa por mais alguns segundos com o assessor e deixa o gabinete. Ao ser avisado da intimação, Boca Aberta, que estava em outra sala mesmo tendo ciência da intimação com hora marcada, parte em direção ao oficial de Justiça acompanhado de um assessor e com o documento em mãos.

A sequência do vídeo mostra a conversa entre os dois. O deputado pede que o oficial de Justiça mostre sua identificação e o intimida. “Por que você está fugindo?”, questiona.

De acordo com Petriv, o objetivo foi assinar a intimação e devolvê-la ao profissional. “É assim que você trabalha, joga a intimação e vai embora? Filma a cara dele, você não tem vergonha na tua cara? Você está falando com um deputado federal, você tem fé pública e eu também tenho”, afirmou Boca Aberta enquanto Hidalgo tentava desvencilhar-se do grupo pouco antes do fim da filmagem.

Em nota, o parlamentar se disse surpreso com a acusação de agressão física e tratou Thiago Hidalgo como “suposto” oficial de Justiça, uma vez que, em consulta prévia ao Projudi, o deputado afirmou que a intimação teria sido designada a outro profissional.

“A intimação é intransferível e o nosso assessor disse que não poderia assiná-la. Então ele jogou a intimação em cima dessa mesa e disse ‘está intimado’. O Marcos (assessor) imediatamente me chamou e as imagens são claras, não há argumentos”, disse Boca Aberta em um vídeo enviado à reportagem da Folha.

A Folha entrou em contato com o advogado Zeno Bertolotti, defesa de Boca Aberta, pelo celular e via whatsapp para pedir mais esclarecimentos, porém sem sucesso até o fechamento desta reportagem.