O Colégio Estadual Hugo Simas foi palco de um ato em defesa da liberdade e da arte no início da noite desta terça-feira (12). A instituição de ensino foi alvo de críticas depois que a mãe de uma estudante gravou um vídeo demonstrando indignação com peça do Filo (Festival Internacional de Londrina) encenada na escola.

No espetáculo "Quando Quebra Queima", apresentado no dia 1° de novembro, de acordo com a mãe, havia cena de beijo entre pessoas do mesmo sexo e a peça teria propagado desobediência às autoridades. Manifestantes fizeram um abraço simbólico ao colégio.

O vídeo com as reclamações da mãe chegou ao NRE (Núcleo Regional de Educação). A chefe do NRE em Londrina, Jessica Pieri, disse que representantes do departamento jurídico da Seed (Secretaria Estadual de Educação) vieram a Londrina para apurar o caso.

A peça é baseada nas ocupações de escolas pelos estudantes secundaristas de São Paulo em 2015. Lá, a motivação das ocupações teria sido o fechamento de cem escolas. Os atos desencadearam ocupações pelo Brasil e Londrina também teve colégios ocupados em 2016 por conta de protestos contra corte de verbas na educação. O Hugo Simas foi um deles.

Noádia da Silva Tenório, 20, é estudante de direito e ex-aluna do Hugo Simas. Ela estava na ocupação do colégio há três anos e disse que na época os próprios estudantes fizeram um mutirão de limpeza depois da ocupação. Tenório voltou à escola para panfletar em defesa da direção durante o ato. No folheto, os dizeres em negrito: "Sem liberdade de ensinar e aprender e de expressão artístico-cultural, não há futuro para a juventude brasileira".

"Nunca pensei que poderia chegar a isso, a direção desse colégio é impecável. A questão dessa repercussão é ser sensacionalista. A peça falava sobre quebrar barreiras, não sobre quebrar os muros do colégio. Acho que falta capacidade cognitiva para essas pessoas que criticaram", opinou.

A peça, que foi exibida ao Ensino Médio, tem classificação indicativa de dez anos. Wesley Queiroz, que faz parte do Comitê Unificado, organizador da mobilização, disse que a ação foi uma forma de solidariedade à direção do Hugo Simas, já que a diretora até registrou boletim de ocorrência por sofrer ameaça de morte.

Para Rafael Junqueira Moreira, 29, o espetáculo nada apresentava de impróprio. "A peça foi feita por esses estudantes que estavam na ocupação em São Paulo e mostrava o cotidiano da ocupação: comendo macarrão, relações entre eles e respeito à diversidade", contou.