Curitiba - Dois depoimentos de vítimas sobreviventes de supostos rituais de magia negra marcaram quarta-feira à noite o julgamento da gaúcha Valentina de Andrade, acusada de ser a mentora intelectual da castração e morte de dois meninos e lesões corporais em outros três no município de Altamira, no sudoeste do Pará. Os garotos ouvidos tinham entre nove e 13 anos na época do crime, em 1992. Eles disseram que foram atraídos para o mato por Carlos Alberto Santos (já condenado a 32 anos de prisão). Lá, eles foram entregues aos médicos responsáveis pelas castrações. Eles contaram que ficaram desacordados por um período longo. Quando acordaram estavam nus e sem os órgãos genitais. Os sobreviventes já se submeteram a diversas cirurgias de reparação (entre seis e 13). Eles falaram que até hoje sofrem com as consequências físicas e psicológicas provocadas pelas mutilações.
Os jurados ouviram ainda os depoimentos de familiares das crianças castradas. Um deles foi Juares Pessoa, pai de Jaenes, uma das crianças assassinadas. Ele contou que o filho desapareceu e quando foi encontrado estava sem os órgãos genitais. Ele contou que as suspeitas recaíam sobre os condenados Carlos Alberto Santos, Amailton Gomes Madeira e os dois médicos Césio Brandão e Anísio Ferreira. Pessoa confirmou que ouviu comentários de que Valentina estava envolvida nos crimes.
O julgamento entrou ontem na fase final com os debates entre acusação e defesa. Até o final dessa edição, os debates ainda não haviam acabado.