Poto Calvo, AL, 30 (AE) - O delegado regional de Porto Calvo (160 quilômetros de Maceió), Oldemberg Paranhos, disse hoje que aguarda o laudo pericial da Companhia Energética de Alagoas (CEAL) para começar as investigações sobre a sabotagem contra a rede de alta tensão que provocou um "apagão" em três municípios do Litoral Norte de Alagoas, na última sexta-feira. "Já instauramos o inquérito policial, que irá apurar quem são os responsáveis por esse ato de vandalismo", garantiu Paranhos.
Segundo ele, é muita coincidência que o corte no fornecimento de energia nos três municípios, que aconteceu em uma região de difícil acesso, tenha ocorrido justamente no dia em que o "Globo Repórter" exibiu uma reportagem sobre o envolvimento de autoridades de Porto Calvo com uma rede de prostituição infanto-juvenil. "A própria CEAL reconheceu em nota que houve sabotagem, por isso não está descartada a possibilidade de ouvir os envolvidos no escândalo da prostituição de menores", afirmou o delegado.
Entre os envolvidos estão o prefeito de Porto Calvo, Jorge Cordeiro (PSDB), o atual promotor Sérgio Simões, o ex-juiz da cidade Luciano Galvão e o padre Expedito, que foi afastado depois do escândalo sexual.
Eles foram citados pelas menores prostituídas, mas negaram qualquer envolvimento com elas. No inquérito policial que apurou o caso, de setembro a outubro de 99, apenas a cafetina ¶ngela Raquel foi indiciada. O delegado Paranhos, que presidiu o inquérito, disse que não haviam provas contra os acusados.
Na última quinta-feira, a Rede Globo divulgou nota denunciando que a emissora havia sido censurada pelo juiz Ayrton Tenório Filho, que impediu o "Globo Repórter" de mencionar os nomes do juiz e do promotor, acusados de envolvimento com a prostituição de menores. A juíza Nirvana de Melo Vianna, que foi afastada da Comarca de Porto Calvo depois que detonou o escândalo, criticou a censura e disse que a verdade, cedo ou tarde, sempre vem à tona. "A população da cidade sabe quem vinha se aproveitando dessas meninas", garantiu.