O advogado Flávio Frederico Gualter, que defende Michele Penteado Rodrigues na investigação da morte do neto dela, na semana passada, em Porecatu, afirma que vai pedir exame de sanidade mental da bioquímica para sustentar um pedido de habeas corpus.

Ela está presa preventivamente no 3º Distrito Policial de Londrina, a pedido da Polícia Civil, que apura se ela tem responsabilidade na morte da criança de um ano e sete meses por omissão. O corpo do menino foi encontrado na sexta-feira (17), em seu berço, em meio a muito lixo e comida já em decomposição.

Gualter explica que, “avaliando todo o contexto do caso”, incluindo a condição da residência da suspeita, “tudo demonstra que uma pessoa normal não viveria naquela situação”. “É inadmissível acreditar que ela esteja em situações normais. Sem eximir a responsabilidade pela morte da criança, acreditamos que ela necessite de tratamento médico, e não de cadeia”, diz o advogado.

O pedido para uma perícia, executada por um psiquiatra do sistema judiciário, já foi feito dentro do processo. O requerimento será analisado pela Comarca de Porecatu, onde corre o caso.

Mal alimentado

A Polícia Civil de Porecatu, Norte do Estado, confirmou com o IML (Instituto Médico Legal) que o bebê de um ano e sete meses encontrado morto na última sexta-feira (17) na casa da avó não estava sendo alimentado.

Outro ponto examinado pelo perito foi de que a criança tinha morrido antes dos horários passados pela avó, que continua detida preventivamente no 3º Distrito Policial de Londrina, no jardim Bandeirantes, zona oeste.

"Em interrogatório, ela disse que colocou o garoto para dormir às 22h de quinta-feira e, quando acordou, às 15h, já viu ele morto. O perito contradiz essa versão, afirmando que o menino tinha falecido de 24 a 36 horas antes do informado", ressaltou o delegado que acompanha o caso, Elisandro de Souza Correia.

O laudo de necropsia deve ser divulgado nos próximos dias. A polícia não descarta indiciar outros familiares pelo homicídio. A mãe do bebê, uma adolescente de 17 anos, alega que viajou um mês antes para trabalhar no Mato Grosso e deixou o filho sob os cuidados da avó. "Ela ainda será ouvida para confirmar essas informações", adiantou Correia.

Nesta segunda, o delegado colheu os depoimentos de vizinhos de Michele. "Eles reforçaram que ela não trabalhava. Além disso, a casa estava suja há bastante tempo", comentou.

O inquérito deve ser concluído até o início da semana que vem. Depois disso, o Ministério Público pode ou não oferecer denúncia à Justiça. A defesa da investigada afirmou que ainda não teve acesso ao processo para se manifestar sobre o caso.