O advogado de defesa do professor Laurindo Panucci Filho, Diego Moreto Fiori, afirmou que na segunda-feira (15) vai apresentar embargos relacionados ao Tribunal do Júri que condenou o seu cliente por homicídio triplamente qualificado do diretor do campus da UENP (Universidade Estadual do Norte do Paraná), Sérgio Roberto Ferreira, no município de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro). A condenação ocorreu na quinta-feira (11), quando o conselho de sentença do Tribunal do Júri acatou os argumentos da promotoria e estabeleceu pena de 21 anos e quatro meses de reclusão. “Depois que o juiz se manifestar nos embargos, eu tenho cinco dias de prazo para recorrer da sentença”, declarou Fiori.

Crime ocorreu em campus da UENP em Cornélio Procópio em dezembro de 2018
Crime ocorreu em campus da UENP em Cornélio Procópio em dezembro de 2018 | Foto: Gustavo Carneiro/12-2-2018

Fiori afirmou que a sentença era um resultado que poderia ocorrer. “Pois o julgamento foi em Cornélio Procópio, havia muita comoção na cidade, por isso que a defesa lutou para transferir o júri para outra comarca”, declarou.

“Eu mesmo não esperava esse resultado. Condenaram ele por meio cruel, mesmo que o laudo do IML (Instituto Médico-Legal) diga categoricamente que não houve a incidência da qualificadora. O médico assistente foi claro em dizer que o meio cruel não existiu”, reforçou. “Agora é analisar a sentença e verificar se vamos ou não recorrer”, pontuou.

Segundo ele, caso recorra, a questão não é combater os argumentos da promotoria, mas sim, julgar contra as provas dos autos. “Uma prova disso é o meio cruel, onde o laudo do IML alega de forma categórica que não ocorreu e os jurados condenaram ele por isso”, apontou. Ele afirma que dois médicos deram pareceres que não houve meio cruel no ato.

O promotor de Justiça Criminal, José Paulo Montesino, refutou os argumentos da defesa e apontou que a vítima ficou 20 minutos agonizando até o socorro chegar. Ele pontuou que conseguiu mostrar aos jurados, inclusive com a linha do tempo, toda a dinâmica para que entendessem o que aconteceu naquele dia. “Mostrei as filmagens do momento de chegada e saída de veículos, do momento que a vítima recebeu a ligação do réu, consegui o comprovante de compra da machadinha, com a hora que ele comprou”, enumerou.

Montesino argumentou que o tribunal do Júri precisava ser realizado em Cornélio Procópio, porque a vítima era um cidadão procopense. “A vítima já estava em casa e o réu ligou e atraiu o diretor para a faculdade. O MP comprovou que o réu o atacou pelas costas”, afirmou. Montesino afirmou que as provas são robustas. “Esperamos que esse processo transite em julgado com a condenação do acusado.”

A filha de Sérgio Roberto Ferreira, a fisioterapeuta Daiene Ferreira, ressaltou que o julgamento ocorreu como esperava. “Ele foi condenado por homicídio triplamente qualificado e recebeu a pena máxima que poderia ser atribuída a ele. Foi muito difícil acompanhar tudo de perto. Ouvimos muitas inverdades ditas pela defesa e principalmente pelo réu, todas sem fundamento algum, e isso ficou muito claro para todos com a explanação do promotor de justiça”, afirmou.

“Ao ouvir a sentença o sentimento foi de gratidão e de justiça. Foi feito o máximo dentro de nossas leis”, declarou. Ela admitiu a possibilidade da defesa recorrer da sentença. “Com certeza irá recorrer. Estamos muito confiantes que o resultado será mantido. A acusação deixou tudo muito claro de como os fatos ocorreram. Meu pai era uma pessoa do bem. Os depoimentos confirmam isso”, enalteceu a fisioterapeuta.

Ela reforçou que seu pai sempre esteve muito presente em suas vidas. “Extremamente protetor, amoroso, e sempre fez tudo pela família. A falta dele em nossas vidas é diária e constante. A memória dele sempre estará viva para a minha filha e todos nós, ele nos ensinou amor, honestidade e respeito pelas pessoas, isso não é algo que se perde, será para sempre uma parte dele conosco”, afirmou a filha da vítima.

O assistente de acusação, Leandro Giovenazzi, afirmou que , foram vários meses de estudo e dedicação analisando todos os detalhes do processo. “A família sentiu um pouco de alívio e conforto ao saber da condenação e, apesar da revolta em ficar frente a frente com o assassino, respeitaram as autoridades no plenário do júri”, declarou.