Curitiba - A previsibilidade de eventos climáticos extremos pode ser determinante para salvar vidas, reduzir os danos à população e evitar tragédias. Em 2024 a Defesa Civil emitiu 543 alertas de situações de risco. Destes, 191 foram de situações extremas e 355 moderados.

O acompanhamento compartilhado entre a Defesa Civil Estadual e o Simepar (Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná) permite a previsão de eventos com potencial para causar desastres que envolvem grandes volumes de água com até três dias de antecedência. Dependendo do local e da intensidade da situação, são feitos os primeiros alertas e acionadas as autoridades municipais e estaduais.

A Defesa Civil se comunica por diferentes caminhos para avisar os cidadãos em caso de alerta. A principal ferramenta é a mensagem por SMS enviada para as pessoas cadastradas de acordo com o CEP da localidade. Também é possível divulgar informações urgentes em canais de televisão por assinatura.

Uma terceira modalidade ainda está em fase de implantação pelo governo federal. O Cell Broadcast envia mensagens associadas a um sinal sonoro para todos os aparelhos de uma determinada região selecionada, sem a necessidade de cadastro prévio. O usuário é obrigado a interagir com a mensagem, uma espécie de pop-up, para acessar qualquer função do telefone. Morretes e União da Vitória participaram dos primeiros testes com a tecnologia.

Segundo o Simepar, são dois níveis de avaliação. As previsões de médio prazo apresentam a estimativa com 15 dias de antecedência, baseada nos sistemas e fenômenos meteorológicos atuantes no período. Já no curto prazo, com cinco dias de antecedência, os meteorologistas classificam os sistemas mais importantes que podem gerar desastres naturais severos, como as inundações, enxurradas, ondas de calor ou frio e vendavais.

Também há a previsão diária e o acompanhamento em tempo real. Conforme o evento meteorológico evolui, novos alertas são emitidos, permitindo a organização dos cidadãos e o preparo das autoridades para dar assistência aos atingidos.

De acordo com o capitão Anderson Gomes das Neves, chefe do Cegerd (Centro Estadual de Gerenciamento de Riscos e Desastres), esta é uma atividade complexa que envolve tanto equipamentos de coleta de informações quanto profissionais que analisam os dados.

“Essa avaliação pode ser mais difícil de acordo com o tipo de desastre, sendo que alguns tipos de formações meteorológicas são mais facilmente identificados pelos equipamentos, como radares e satélites, do que outros. Dados e informações provenientes de outras fontes como institutos de meteorologia ou instituições que compartilham levantamentos de estações, como o IAT auxiliam na análise e depuração das informações”, explica.

“Buscamos a excelência dos processos da Defesa Civil, o fluxo da informação será cada vez mais importante diante dos eventos extremos que o Paraná e o mundo tem vivido”, reforça o coordenador estadual da Defesa Civil, coronel Fernando Schünig.

De acordo com a Defesa Civil, o índice de assertividade dos alertas também é fundamental nessa equação. No ano passado houve 884 alertas, 310 extremos e 574 moderados, com assertividade de 73% dos casos. A assertividade é o índice usado para medir a eficácia dos alertas. São contabilizadas as mensagens enviadas e analisadas quantas realmente precederam uma situação atípica.

A Defesa Civil busca todos os anos melhorar o desempenho com a compra de equipamentos mais modernos e treinamento das equipes para refinar a informação, aumentando os acertos. Em 2022 foram 672 alertas, com 67% de assertividade

Até o fim de 2027 a Defesa Civil fará o investimento de R$ 8 milhões na modernização do sistema de alertas e no processo de cadastramento feito pelos municípios. A intenção é reduzir em 40% o tempo necessário para inclusão das informações pelas prefeituras para diminuir o tempo de resposta dos governos federal e estadual. Também está prevista a aquisição de novos equipamentos em substituição aos utilizados atualmente para melhorar a qualidade e a velocidade das informações coletadas.

Nos próximos meses, o governo estadual vai ampliar a estrutura do Simepar com a aquisição de dois novos radares e 25 estações meteorológicas (10 meteorológicas automáticas e 15 hidrológicas telemétricas). A rede atual conta com 120 estações meteorológicas telemétricas automáticas, três radares meteorológicos e cinco sensores de descargas meteorológicas.

Junto aos radares, a rede de monitoramento do Simepar será encorpada de outras formas, com a incorporação de 25 novas estações de coleta de dados ao conjunto de 120 dispositivos do órgão em operação no Estado. No pacote está prevista a aquisição e instalação de 15 estações hidrológicas telemétricas automáticas, capazes de medir precipitação e vazão em locais com bacias hidrográficas, e 10 estações meteorológicas automáticas, que poderão medir precipitação, vento, temperatura, umidade, pressão atmosférica e radiação solar.(Informações da Agência Estadual de Notícias)