RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (Republicanos), ressaltou nesta quarta-feira (25) que as medidas de distanciamento social adotadas na cidade estão mantidas, mesmo com o pronunciamento feito pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticando a iniciativa, adotada em diversos lugares do Brasil e do mundo no combate ao novo coronavírus.

O discurso de Bolsonaro foi defendido pelo político carioca. "O que nós entendemos do pronunciamento do presidente é que é preciso enxergar a luz no fim do túnel, que a gente passe a mensagem às pessoas que nosso sacrifício vai dar frutos. Isso que estamos fazendo, o distanciamento social, logo vai nos trazer de volta às atividades normal, não vamos perder esse ano", explicou Crivella.

O prefeito evitou criticar o discurso de Bolsonaro, em declarações que imediatamente provocaram repúdio de congressistas, governadores, no Judiciário e em diferentes setores da sociedade.

Em mais de uma oportunidade, Crivella apontou seu entendimento do pronunciamento de Bolsonaro. "Estamos inspirados pela fé do presidente na República, a luz no fim do túnel, e dos números que estamos apresentando", apontou o prefeito, que tem histórico alinhado a Bolsonaro -em fevereiro, por exemplo, participaram juntos de evento gospel na praia de Botafogo.

Em sua fala, Bolsonaro criticou o fechamento de escolas e do comércio, contrariou orientações dos órgãos de saúde e atacou autoridades municipais e estaduais. O presidente questionou procedimentos que têm sido adotados por todo o mundo e minimizou riscos da doença, como ao sugerir que as medidas de controle se restrinjam apenas aos mais velhos, além de distorcer o cenário da pandemia.

Apesar de apontar viés positivo no discurso de Bolsonaro, Crivella defendeu o distanciamento social no Rio. "Todas as medidas adotadas seguem por 15 dias. Precisamos manter religiosamente as medidas, sem abrir mão da esperança de que vamos vencer essa doença. Estamos vivendo momentos difíceis, mas peço que continuem com essas medidas, porque logo estaremos retomando nossas atividades", disse.

O prefeito também informou a reabertura de lojas em postos de conveniência e materiais para construção, com as devidas adaptações, para evitar aglomerações. "Um setor nos procurou e o grupo todo deliberou que é possível continuar a trabalhar, que é o de loja de conveniência de posto. Vamos alterar o decreto e podem voltar a funcionar sem aglomeração. 'Take away', pega o que precisa e leva para o carro embora para casa", apontou.

Porém, após a coletiva, ao citar o fato, Crivella tuitou dando a entender que poderia reabrir o comércio gradualmente, diferente do que havia dito na entrevista. "Estamos atualizando algumas medidas já tomadas. A partir de sexta (27), começaremos a abrir, aos poucos, alguns comércios", postou o político. Mas também reforçou: "Se todos colaborarem, seguindo as medidas, em 15 dias poderemos retomar as normalidades. A quarentena é decisiva!", escreveu em sua conta no Twitter.

Crivella defendeu que as medidas estão dando certo. No momento, a capital do estado tem 278 casos confirmados, com um óbito registrado, 28 hospitalizados e 15 internados em UTI, além de 166 suspeitos -os números são da última atualização do Painel Rio Covid-19, atualizado diariamente pela prefeitura.

"Era para termos 2 mil pessoas infectadas, mas os números mostram que não chegaremos a isso. Estamos imaginando em torno de 300 no dia 28. Isso nos traz alento e nos leva ao pronunciamento do presidente, é preciso analisar sem histeria e fanatismo, analisar números e medidas tomadas e pensarmos em planejar o retorno das nossas atividades. Olhando os números, com comunidade científica ao nosso lado", apontou o prefeito.

Marcelo Crivella ainda questionou: "Se continuar morrendo gente, poderá aumentar [o distanciamento social]?". Ele mesmo respondeu, pedindo otimismo com as iniciativas adotadas pela prefeitura. "Não vamos pensar desse jeito, pois as medidas que estamos tomando, com o número de internações e os óbitos, está sob controle. Estamos passando uma mensagem de alento à população".

O prefeito também apontou que começou a levar idosos de comunidades para hotéis pagos pela prefeitura -cerca de 300, segundo Crivella.

"Esses idosos, que correm risco de ter gripe e parar em uma UTI, aí precisaríamos de 300 respiradores, nós temos mil, mas muita gente utilizando. O fato concreto é que estamos tomando todas as medidas e serão importantíssimas nos próximos 15 dias. Tenho certeza que as curvas vão se achatar ao longo desses 15 dias e todos nós retomaremos as nossas atividades", explicou Crivella.