Crise domina eleição para reitor da UEL
PUBLICAÇÃO
quarta-feira, 11 de abril de 2018
Carolina Avansini<br>Reportagem Local
A falta de recursos financeiros e de funcionários enfrentada pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) deu o tom da votação para escolha do novo reitor da universidade. Candidatos das duas chapas concorrentes votaram logo no início da manhã de quarta-feira (11) e, em entrevista, mencionaram que esses serão os grandes desafios da próxima gestão.
O professor Sérgio Carvalho, líder da chapa Supera UEL Integrar para construir, votou antes das 8h30 no Cesa (Centro de Ciências Sociais Aplicadas), onde dá aulas no departamento de Ciências Econômicas. Já o professor Ronaldo Baltar, da chapa O Futuro é Agora, votou quase no mesmo horário do CCH (Centro de Letras e Ciências Humanas), onde é diretor e também professor do Departamento de Ciências Sociais.
"Foi uma campanha curta, porém intensa", disse Carvalho, destacando que os candidatos participaram de quatro debates no período. Sobre os desafios a serem enfrentados pelo próximo reitor, ele enfatizou que a chapa vencedora precisará fazer um diagnóstico detalhado sobre a situação financeira da UEL para elaborar um plano de ação inclusive para negociar com o governo do estado. "São dois gargalos principais: a falta de recursos financeiros e a falta de recursos humanos", mencionou, lembrando que as possíveis soluções não virão a curto prazo. "A UEL é um patrimônio de Londrina e deve ser defendida."
Baltar também avaliou a campanha de forma positiva. "Fomos em todos os departamentos e pudemos ter uma dimensão maior das demandas da comunidade universitária. Percebemos também que a UEL é formada por um grupo de pessoas muito comprometidas", afirmou. Para ele, o maior desafio do próximo reitor será a reposição de funcionários. "São quase mil pessoas, a maioria em funções especializadas", analisou. Além disso, ele apontou a retomada de negociações com o governo para restituir recursos financeiros e a motivação interna de funcionários, professores e alunos como outras demandas fundamentais. "A UEL também precisa restabelecer laços de cooperação com a cidade", opinou.
A estudante de Pedagogia Stephanie Fernanda Ortega também citou a falta de recursos como o grande problema da UEL. "Eu espero que o próximo reitor tenha capacidade de organização para conseguir melhorar o que precisa. Não adianta prometer muito sem organizar", opinou ela, que também defende que o novo dirigente seja capaz de dialogar com o governo do estado.
João Gabriel Corrêa, estudante de História, afirmou estar descrente em relação à nova administração. "Não vejo possibilidades de mudanças. Há muita coisa a ser feita e poucas condições de realizá-las", disse.
A técnica de assuntos universitários Elisa Nantes acredita que o maior problema da UEL é a falta de funcionários. "Temos setores fechados porque não tem ninguém para atender", lamentou. Ela aponta que os professores são repostos mesmo com lacunas , mas não há força política na briga pelos administrativos. "Aumentam a estrutura física da universidade, mas não contratam pessoas. Além disso, muita gente está se aposentando. Isso sobrecarrega quem continua trabalhando", disse.
Esta também é a opinião do técnico em estúdio e multimídia Valdecir Salvi. "Não temos funcionários e nem investimento em novas tecnologias. Meu setor tinha oito pessoas e, no ano que vem, ficarei sozinho. Hoje não conseguimos sequer atender a demandas internas", afirmou.
O professor Gilmar Arruda, do departamento de História, acredita que a primeira medida no novo reitor deva ser literalmente "limpar a UEL". "Tem sujeira e teias de aranha em todos os lugares. A universidade precisa urgente de manutenção", apontou. Ele analisou que a política atual do governo do estado está "estrangulando a UEL e a carreira docente" e que a comunidade universitária precisa de estabilidade. "A universidade é um patrimônio de Londrina e do Paraná, é preciso mostrar que ela é de todos", comentou.
A presidente da comissão eleitoral Eliana Aparecida Silicz Bueno afirmou que até o fim da tarde a votação transcorreu de maneira normal, sem questionamentos de nenhuma das partes. A votação começou às 6h30 da manhã e terminaria às 23 horas (depois do fechamento desta edição). (Colaborou Vítor Ogawa)