Eleitores apontaram falta de funcionários e escassez de recursos financeiros como maiores desafios para a próxima gestão
Eleitores apontaram falta de funcionários e escassez de recursos financeiros como maiores desafios para a próxima gestão | Foto: Gina Mardones



A falta de recursos financeiros e de funcionários enfrentada pela UEL (Universidade Estadual de Londrina) deu o tom da votação para escolha do novo reitor da universidade. Candidatos das duas chapas concorrentes votaram logo no início da manhã de quarta-feira (11) e, em entrevista, mencionaram que esses serão os grandes desafios da próxima gestão.

O professor Sérgio Carvalho, líder da chapa Supera UEL – Integrar para construir, votou antes das 8h30 no Cesa (Centro de Ciências Sociais Aplicadas), onde dá aulas no departamento de Ciências Econômicas. Já o professor Ronaldo Baltar, da chapa O Futuro é Agora, votou quase no mesmo horário do CCH (Centro de Letras e Ciências Humanas), onde é diretor e também professor do Departamento de Ciências Sociais.

"Foi uma campanha curta, porém intensa", disse Carvalho, destacando que os candidatos participaram de quatro debates no período. Sobre os desafios a serem enfrentados pelo próximo reitor, ele enfatizou que a chapa vencedora precisará fazer um diagnóstico detalhado sobre a situação financeira da UEL para elaborar um plano de ação inclusive para negociar com o governo do estado. "São dois gargalos principais: a falta de recursos financeiros e a falta de recursos humanos", mencionou, lembrando que as possíveis soluções não virão a curto prazo. "A UEL é um patrimônio de Londrina e deve ser defendida."

Baltar também avaliou a campanha de forma positiva. "Fomos em todos os departamentos e pudemos ter uma dimensão maior das demandas da comunidade universitária. Percebemos também que a UEL é formada por um grupo de pessoas muito comprometidas", afirmou. Para ele, o maior desafio do próximo reitor será a reposição de funcionários. "São quase mil pessoas, a maioria em funções especializadas", analisou. Além disso, ele apontou a retomada de negociações com o governo para restituir recursos financeiros e a motivação interna de funcionários, professores e alunos como outras demandas fundamentais. "A UEL também precisa restabelecer laços de cooperação com a cidade", opinou.

A estudante de Pedagogia Stephanie Fernanda Ortega também citou a falta de recursos como o grande problema da UEL. "Eu espero que o próximo reitor tenha capacidade de organização para conseguir melhorar o que precisa. Não adianta prometer muito sem organizar", opinou ela, que também defende que o novo dirigente seja capaz de dialogar com o governo do estado.

João Gabriel Corrêa, estudante de História, afirmou estar descrente em relação à nova administração. "Não vejo possibilidades de mudanças. Há muita coisa a ser feita e poucas condições de realizá-las", disse.

A técnica de assuntos universitários Elisa Nantes acredita que o maior problema da UEL é a falta de funcionários. "Temos setores fechados porque não tem ninguém para atender", lamentou. Ela aponta que os professores são repostos – mesmo com lacunas –, mas não há força política na briga pelos administrativos. "Aumentam a estrutura física da universidade, mas não contratam pessoas. Além disso, muita gente está se aposentando. Isso sobrecarrega quem continua trabalhando", disse.

Esta também é a opinião do técnico em estúdio e multimídia Valdecir Salvi. "Não temos funcionários e nem investimento em novas tecnologias. Meu setor tinha oito pessoas e, no ano que vem, ficarei sozinho. Hoje não conseguimos sequer atender a demandas internas", afirmou.

O professor Gilmar Arruda, do departamento de História, acredita que a primeira medida no novo reitor deva ser literalmente "limpar a UEL". "Tem sujeira e teias de aranha em todos os lugares. A universidade precisa urgente de manutenção", apontou. Ele analisou que a política atual do governo do estado está "estrangulando a UEL e a carreira docente" e que a comunidade universitária precisa de estabilidade. "A universidade é um patrimônio de Londrina e do Paraná, é preciso mostrar que ela é de todos", comentou.

A presidente da comissão eleitoral Eliana Aparecida Silicz Bueno afirmou que até o fim da tarde a votação transcorreu de maneira normal, sem questionamentos de nenhuma das partes. A votação começou às 6h30 da manhã e terminaria às 23 horas (depois do fechamento desta edição). (Colaborou Vítor Ogawa)