São Paulo e Araçatuba - Criminosos fortemente armados invadiram Araçatuba, a 521 km de São Paulo, na madrugada de ontem, espalhando o terror na cidade de quase 200 mil habitantes. O grupo explodiu três agências bancárias, fez moradores reféns, disparou bombas e ateou fogo em veículos durante a fuga. A modalidade de ação dos bandidos é conhecida como "Novo Cangaço".

De acordo com a polícia, houve confronto com os criminosos e trocas de tiros em ao menos dois locais de Araçatuba
De acordo com a polícia, houve confronto com os criminosos e trocas de tiros em ao menos dois locais de Araçatuba | Foto: Clayton Khan/AFP

Ao menos três pessoas acabaram mortas na ação, e outras quatro ficaram feridas —três ficaram em estado grave e foram levadas para a Santa Casa local. Segundo a Polícia Militar, um morador de rua foi atingido pela explosão de uma das bombas deixadas nas ruas e teve os pés e uma das mãos decepados.

Pedestres e motoristas foram abordados pela quadrilha e feitos reféns na hora da fuga. Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram pessoas sentadas no meio da rua, andando a pé e amarrados em tetos de carros, como escudos humanos.

Após a ação, a quadrilha fugiu em direção ao bairro rural Engenheiro Taveira. Até o fechamento da edição, as autoridades não divulgaram quanto dinheiro foi roubado. As investigações serão conduzidas pela Polícia Federal, com apoio das polícias estaduais.

De acordo com as polícias, os criminosos conseguiram levar dinheiro das agências da Caixa e do Banco do Brasil. Esta última é uma unidade regional que armazena o dinheiro recolhido de outras agências da região (Seret).

Isso explica a quantidade de maços com notas de pequeno valor (R$ 5) deixados para trás pelos criminosos, em um dos veículos usados no ataque.

De acordo com a polícia, houve confronto com os criminosos e trocas de tiros em ao menos dois locais de Araçatuba. Até a manhã desta segunda-feira (30), três suspeitos haviam sido identificados —um morreu, outro ficou ferido e um terceiro foi detido.

Cerca de 380 policiais, entre civis e militares, estavam na cidade para tentar prender outros integrantes da quadrilha e avançar nas investigações. O comandante-geral da PM, Fernando Alencar Medeiros, também se deslocou para o local.

Dois helicópteros da PM sobrevovam a região e equipes do Gate, especialistas em explosivos, analisavam o material deixado pelos bandidos. Sabe-se, até agora, que os criminosos usaram Metalons, uma espécie de superdinamite caseira, que foram acionados a distância por celulares.

Foram deixadas bombas em pelo menos 20 pontos da cidade, incluindo um caminhão carregado com emulsão explosiva em frente a uma das agências que foram atacadas, segundo a polícia.

Durante a fuga, os criminosos deixaram para trás munição e armas de fogo, dentre elas fuzis calibre .50 e 7.62 mm, além de “miguelitos”, que são artefatos de metal utilizados para furar pneus de veículos.

A polícia confirmou a mortes de três pessoas na ação, entre elas um criminoso e um homem que estava dentro de um carro filmando a ação dos bandidos. Ele teria levado a esposa para casa e retornou para registrar o que estava acontecendo na cidade.

A exemplo do que aconteceu em outros ataques semelhantes, a quadrilha atirou para o alto, usou explosivos e colocou fogo em veículos para dificultar o acesso dos policiais. Rodovias foram bloqueadas por veículos incendiados e motoristas tiveram dificuldade de acesso à cidade. Além disso, o grupo utilizou um drone para monitorar a movimentação.

A quadrilha também abandonou carros usados no roubo em rodovias da região. A polícia suspeita que os criminosos trocaram de veículos para escapar.

A jornalista Priscila Andrade, que mora no centro, próximo ao local do ataque, ficou uma hora e meia abaixada dentro de casa para se proteger dos tiros. "Foi assustador, nunca passei por algo assim na vida. Os criminosos estavam fortemente armados e atirando para que as pessoas não saíssem às ruas. Foi como um filme de terror", disse ela, que chegou a fazer uma live na madrugada para relatar o caso.