Brasília, 09 (AE) - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico pretende ouvir, nos próximos dias, os empresários brasileiros José Maria Teixera Ferraz e Oscar de Barros, presos pela polícia federal norte-americana, o FBI. O presidente da CPI, deputado Magno Malta (PTB-ES), pretende conversar esta semana com o ministro da Justiça, José Carlos Dias, para encontrar uma fórmula que permita que os brasileiros sejam ouvidos o mais rápido possível. A CPI quer investigar o envolvimento dos dois com o narcotráfico e com a lavagem de dinheiro, em especial dos recursos desviados da obra superfaturada do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo.
A iniciativa de ouvir os dois brasileiros foi do deputado Padre Roque (PT-PR), que sugeriu o envio de uma comissão de deputados a Miami, nos Estados Unidos. Magno Malta, no entanto, acredita que os trâmites legais para ouvir os dois brasileiros seja por intermédio de uma carta rogatória, necessitando de intermediação dos ministérios da Justiça e das Relações Exteriores.
Os parlamentares da CPI acham que os dois empresários brasileiros poderão prestar muitos esclarecimentos sobre o narcotráfico e a lavagem de dinheiro de brasileiros nos Estados Unidos. Os parlamentares esperam que José Maria Teixera Ferraz preste esclarecimentos sobre os negócios de seu irmão, José Eduardo Teixera Ferraz, e sobre Fábio Monteiro de Carvallho, acusados de desvio de recursos da obra do TRT de São Paulo.
Os parlamentares investigam se o esquema de lavagem de dinheiro englobaria recursos oriundos do narcotráfico e de desvios de obras públicas, exemplo do TRT. José Maria é investigado por suposta lavagem de dinheiro do tráfico de drogas e Oscar de Barros é apontado como uma das pessoas que ajudaram a fazer o chamado Dossiê Cayman, denúncia anônima na qual um grupo de políticos brasileiros teriam contas no exterior. Prisão - A Polícia Federal esclareceu hoje que nunca pediu a prisão de Oscar de Barros nos Estados Unidos. Segundo um delegado da cúpula da instituição, a PF somente solicitou a polícias de outros países para que fizessem "levantamento de dados" de alguns suspeitos, entre eles Oscar de Barros. Se a Justiça americana entendeu que deveria prender Oscar de Barros, segundo este delegado, foi a partir do levantamento que o próprio FBI fez. "Este tipo de levantamento é normal", disse o delegado.
Segundo informação que a CPI do Narcotráfico recebeu hoje, a Justiça norte-americana teria arbitrado fiança de US$ 100 mil para a libertação de José Maria Teixeira Ferraz. Como José Maria teria pago o valor em espécie, a Justiça norte-americana teria dado um prazo de 48 horas para que explicasse a origem do dinheiro que conseguiu para pagar a sua fiança.