CPI diz que polícia de Campinas facilitou fuga de traficante
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terça-feira, 11 de abril de 2000
Por Vera Freire
São Paulo, 12 (AE) - Os integrantes da CPI do Narcotráfico estão convencidos de que a Polícia Civil de Campinas facilitou a fuga de Sonia Aparecida Rossi, conhecida como Maria do Pó. A suspeita transformou-se em convicção após o depoimento do companheiro da traficante, Claudio da Silva Santos, que está preso na Casa de Detenção. Santos recusou-se a prestar depoimento sigiloso para revelar nomes. "Não sei se tem polícia envolvida, não paguei nada a ninguém, disse.
Santos e sua companheira foram presos em 1999, com 340 quilos de cocaína, mesma quantidade que havia desaparecido do IML de Campinas. A traficante foi libertada pela Delegacia de Investigações sobre Entorpecentes (Dise) de Campinas sob a alegação que seria testemunha da prisão de Santos com a droga. O principal alvo da CPI é o delegado da Dise, Ricardo de Lima.
Segundo o delegado Robson Tuma (PFL/SP), o depoimento deixou claro que Maria do Pó foi libertada com a ajuda delegado e de outros policiais.
O delegado e outros 21 policiais de Campinas acusados pela CPI, há cinco meses, de envolvimento com o narcotráfico continuam trabalhando normalmente. Os investigadores Antonio Lázaro Constâncio e Regis Xavier de Souza, além do delegado Ricardo de Lima, chegaram a ser presos durante os depoimentos, em novembro, mas não passaram muito tempo na cadeia.
Souza, preso por desacato, voltou para a rua depois de pagar fiança, enquanto Constâncio e Lima cumpriram prisão preventiva de 30 dias.
A Polícia Civil ainda não apurou a responsabilidade dos policiais no desaparecimento da droga encontrada no IML e a libertação da traficante, o que levou os integrantes da CPI a se reunirem hoje com o governador Mário Covas para cobrar providência.
Santos, que também utilizava outros dois nomes falsos, não revelou os nomes de seus clientes, alegando conhecê-los apenas pelos nome ou apelido. Diante do silêncio do traficante, o deputado Moroni Torgan (PFL/CE) afirmou: "Tudo bem, o que você falou aqui condenou os caras que soltaram sua mulher."
No depoimento, o traficante afirmou ter vendido cocaína para outros traficantes em postos de gasolina na Rodovia Castelo Branco na Rodovia dos Bandeirantes.
A pedido da CPI, a Polícia Federal está tentando localizar o proprietário de um lava-rápido localizado em Santo André. Santos afirmou que teria comprado uma Ranger do dono do lava-rápido. Foragidos desde 1999, o casal de traficantes utilizava o veículo na semana passada quando foram presos pela Polícia Federal.