Matão, SP, 07 (AE) - O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), evitou hoje, em Matão, interior do Estado, pronunciar-se sobre a decisão do Tribunal de Justiça (TJ), que decretou a indisponibilidade dos bens do presidente da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), Goro Hama, acusado de improbidade administrativa em ação civil que apura possíveis irregularidades em contrato com a Companhia de Seguros Gerais do Estado (Cosesp) para cobrir operações de financiamentos de casas populares. "Quando eu for me pronunciar
eu anuncio", disse ele, de forma evasiva. "Agora, não tenho de falar sobre o assunto."
Covas participou da inauguração da duplicação de um trecho da Rodovia Faria Lima, que foi privatizada.
A acusação contra Hama tem origem em 1997 e o negócio teria causado prejuízo de R$ 2,26 milhões ao erário. Antes de dar uma resposta evasiva, Covas ainda tentou ironizar. "A Cosesp não financia casa popular, ela faz seguro", disse o governador, afirmando que os cofres públicos não foram lesados. Como tinha outros compromissos na região de Bauru (SP), ele evitou prolongar a entrevista coletiva.
Enquanto Covas era assediado pela imprensa, populares e políticos, Hama, que o acompanhava, manteve alguns contatos por meio do telefone celular.
Segundo Hama, após uma interrupção, a CDHU renovou contrato com a Cosesp em 1997, mas, em 1998, com a mudança de diretoria, recebeu uma carta da seguradora, constando o nome de uma corretora - a Inter Corretora de Seguros - e teria de fazer um cancelamento. O documento, verificado depois, não batia com o do arquivo da CDHU, pois tinha uma frase (parágrafo) acrescida após a assinatura. Hama disse que encaminhou o caso à Corregedoria do Estado e que a culpa não era dele ou da CDHU.
"Fui ao Ministério Público (MP) e, em 22 de dezembro, o Marrey (Luiz Antônio Marrey, procurador-geral de Justiça do Estado) fez suas considerações, publicadas no Diário Oficial, alegando que não havia crime do nosso lado", comentou Hama, que acrescenta: "Agora, isso se volta contra mim." Como teve a apelação (agravo de instrumento) rejeitada pelo TJ, ele disse que irá recorrer novamente, com base nas considerações mencionadas a Marrey. "Vou passar isso para o julgamento do tribunal", disse Hama. "Tenho minhas dúvidas se o julgamento ocorreu, pois seria em fevereiro ou março." Sobre a continuidade dele no governo estadual, Hama afirmou: "Não sei; estou aqui à disposição, continuo trabalhando."