Cornélio Procópio - A 2ª edição da Corrida Maluca de carrinhos de rolimã reuniu centenas de pessoas neste domingo, (16), em uma das principais vias de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro). Logo nas primeiras horas da manhã, praticantes experientes e os que estão começando no rolimã se encontram na avenida XV de novembro para uma prova feita para divertir toda a família. Mais do que competitiva, a proposta foi agrupar as pessoas e resgatar formas de interação simples e ar ao livre.

Corrida Maluca diferentes gerações no aniversário de Cornélio
Corrida Maluca diferentes gerações no aniversário de Cornélio | Foto: Walkiria Vieira - Grupo FOLHA

De acordo com Wanderson Ortega, um dos promotores do evento, existe uma tradição na cidade e ações assim são importantes também para estreitar laços. "No ano passado, 80 carrinhos participaram da corrida e mais de 200 pessoas estiveram no local para prestigiar a brincadeira de rua.

Com uma estrutura facilmente reconhecida por pessoas de diferentes gerações, um carrinho de rolimã pode ser feito com uma prancha de madeira de 30 centímetros de largura por 1,20 de comprimento. As quatro rodinhas de rolimã servem para fazer o carrinho deslizar e uma barra no eixo dianteiro ajuda os pés na direção. Mas o asfalto da XV queimou com modelos de todo jeito.

DEITADA

Dos clássicos que acompanham os apaixonados há anos, também houve espaço para invenção - seja nas formas cores ou detalhes. Aos 59 anos, Zuleica Sandra Salles Dominiano, esbanjou habilidade desde o aquecimento. Com o peito colocado no base do carrinho, é considerada entre as amigas a melhor de todas. "Ela desce deitada", espalham. Desde 2017, Dominiano aderiu à prática com um grupo que se reúne no jardim Atlântico e desde então se encontrou. "O meu é original, sem freio, sem nada", resume. "É anti estresse e uma verdadeira felicidade. Eu me sinto muito bem, é uma atividade física e também uma maneira de reunir as pessoas", disse.

MAD MAX

Em formato de caixão, o carrinho batizado de Mad Max tinha como condutor Sérgio Henrique de Araújo, 33. "Não estou na ativa, mas quando era menino, brincava. E se for igual a andar de bicicleta, não esqueci". Com um quadro de metalon sob o compensado, o brinquedo ganhou ainda uma pedaleira para descanso, cores e acessórios criativos como um capacete cravado de lanças. "Eu trabalho em uma serralheria, foi tudo ideia minha", avisa. Também havia carro que soltava fumaça com base de caiaque e quem provou que sabe se equilibrar com uma roda só.

FANTASIADOS

Além de centralizada, a XV de Novembro ofereceu aos presentes momentos revigorantes. De acordo com Vinícius Santana, 24, os carros chegam a atingir a velocidade de 70 quilômetros por hora. "Já descemos embalados", confirmou. Fantasiados, em dupla e até comboio, os grupos provaram tradição e muitas crianças fizeram a estreia no rolimã, ainda no colo do pai.

A dona de casa Geni Fuin, por sua vez, embora não encare mais as ladeiras, gosto de observar todos os lances da festa. A sua família forma um dos maiores grupos da cidade. Na garagem de uma de suas filhas, Nida Fuin, 57, são 18 exemplares, prova do gosto pelo passatempo. Ao lado do marido, Ademir, Nida percorreu a avenida e admirou a neta Bruna, de oito anos, que também já é fascinada e acompanha a família.

PAI E FILHO

O vigilante Silvio dos Reis, 45, recordou com nostalgia e propriedade o brinquedo que de certa forma, fez parte de sua infância. "Eu fiquei sabendo pelas redes sociais e considero que isso faz eu reviver minhas origens. É claro que com o tempo a peça foi se modernizando, ganhou com criatividade como esse freio de fusca ou aquela MacLaren", aponta". Mas a essência é a mesma", ratifica. Junto do filho Flávio dos Reis, de oito anos, registraram em fotos e vídeos tudo o que viram. "Eu acho que meu pai caía muito", imagina o pequeno. "Sim, escorregava, caía e ralava mesmo. Ia freando com o pé e o hoje dá pra ficar mais protegido", orienta. Na opinião de Flávio, um se destacou. "O mais criativo foi o que usou banco de circular, sinto e freio de mão", elegeu.

RALADOS

Com bom humor, a 2ª edição da Corrida Maluca premiou até quem ganhasse mais ralados durante as apresentações. Com baterias de seis em seis carrinhos, a solenidade reconheceu seus participantes em diferentes categorias - Feminina, Infantil, Maior Idade e Carrinho Mais Alegórico. E o mais veloz, claro.

Também organizador, Leandro Fuin reforçou que trata-se de uma ação recreativa. "Ganha quem chegar primeiro, mas quem vem depois, tá valendo", resumiu. Piloto da equipe "Sangue no Asfalto", Fuin considera que cair e ralar é parte da tradição e convida a todos para frequentar a ladeira do Atlântico, que reúne os apaixonados por carrinho de rolimã todos os fins de semana. Luizinho considera que a tendência é aumentar a cada ano o número de pessoas e a prática diária de um modo geral. Porque o carrinho de rolimã coloca as pessoas em contato com o ar livre, promove atividade física e tira a atenção dos eletrônicos, que está exagerada", expôs.

Manobras e modelos chamaram a atenção de todos
Manobras e modelos chamaram a atenção de todos | Foto: Walkiria Vieira - Grupo FOLHA

SOLIDARIEDADE

Para se inscrever e concorrer os prêmios, o corredores levaram um quilo de alimento não perecível a ser doado para o Hospital do Câncer de Londrina. "É brincadeira e solidariedade", disseram os organizadores. O evento contou apoio médico, policial, banheiro químico e caminhão de apoio para ajudar os adultos e as crianças a subirem a ladeira com os carrinhos.