Uma menina de 9 anos foi encontrada morta em um fundo de vale no Jardim Abussafe 2, zona leste de Londrina, na manhã deste domingo (21). A criança estava desaparecida desde a manhã de sábado (20) no Conjunto Alexandre Urbanas, conforme boletim de ocorrência e divulgação da família nas redes sociais. De acordo com a PM (Polícia Militar), o padrasto da menina teria confessado a autoria do crime e foi preso.

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. | Foto: Divulgação/Polícia Militar

Segundo o boletim de ocorrência registrado no sábado, a mãe da menina teria saído de casa pela manhã e deixado a filha com o padrasto, que a levou para a casa de um tio. Ao voltar para a residência, por volta das 10h, conforme o boletim, o padrasto teria ido tomar banho e deixado a menina na sala vendo televisão. Em seguida, o padrasto relatou que quando saiu do banho a menina não estava mais lá. Para a polícia, o padrasto disse ainda que recebeu a informação de que foi ouvido um grito de socorro vindo de dentro de um veículo preto.



A princípio, a PM foi ao local porque estariam agredindo o padrasto da menina, mas quando os agentes chegaram não verificaram a agressão. O homem estava no interior da casa sentado em uma cadeira enquanto pessoas se aglomeravam na frente da residência.



Uma testemunha contou aos policiais que o corpo da criança tinha sido encontrado por ele e um amigo em uma mata localizada nos fundos do Jardim Abussafe 2. A PM entrou em contato com o padrasto, que, ao ser indagado sobre o crime, confessou ter assassinado a criança, mas não relatou o porquê.

O padrasto negou ter violentado sexualmente a menina e direcionou os policiais até o local onde estava o corpo. A residência da família foi isolada, já que a mãe da menina relatou aos policiais vestígios de sangue no banheiro da casa. No matagal, a PM encontrou o corpo da criança, seminua, com marcas de violência.


De acordo com a PM, próximo ao corpo foi encontrado um preservativo usado. A perita Larissa Richter, do Instituto de Criminalística de Londrina, contou que a menina foi encontrada em uma região de vegetação fechada e estava vestindo apenas uma blusinha.

"Foram encontradas lesões na região do pescoço e há suspeita de abuso sexual. Mas o exame para comprovar ou não o abuso será realizado no IML (Instituto Médico-Legal), pois não conseguimos afirmar apenas visualmente", esclarece a perita. Ainda conforme Richter, outras vestimentas foram encontradas espalhadas na região onde o corpo da menina foi localizado neste domingo.

O corpo foi encaminhado ao IML de Londrina. A Polícia Civil investiga o caso.

OUTROS CASOS

Pelo estudo “Ending Violence in Childhood, Global Report 2017”, com dados referentes a 2015, no Brasil, a cada 100 crianças de 0 a 14 anos, 68 sofreram punição corporal em casa. O maior índice de agressão é o de Moçambique e Burundi, na África, e o menor em Cuba, na América Central.

O Brasil ainda tem, pelo estudo, maior taxa de homicídios entre crianças e adolescentes de 0 a 19 anos do que países africanos, como Costa do Marfim. O índice brasileiro se aproxima a 20 mortes para cada 100 mil crianças e adolescentes mortos, ficando atrás de El Salvador e Guatemala, na América Central, e Lesoto, na África.

Pelos dados de 2017 da Unicef (Fundo das Nações Unidas Para a Infância) no relatório A Familiar Face: Violence in the lives of children and adolescents, uma criança ou adolescente é morto a cada sete minutos no mundo.

Em 2018, o hospital pediátrico Pequeno Príncipe, de Curitiba, recebeu 586 crianças vítimas de algum tipo de violência: 76% dos casos a agressão foi praticada dentro da casa ou por alguém da família. A violência sexual corresponde a 56% dos casos (329). Desses 329 casos, 73% da violência sexual tem como vítimas as meninas.

REGIÃO DE LONDRINA

Em 28 de abril deste ano, Eduarda Shigematsu, de 11 anos, foi encontrada morta em Rolândia. A menina estava desaparecida desde o dia 24. Ricardo Seidi, pai da menina, confessou ter enterrado o corpo no quintal de um imóvel abandonado de propriedade da família. Eduarda morava com a avó paterna, Terezinha de Jesus, em uma casa nos fundos da residência do pai. A avó possuía a guarda da menina desde quando ela tinha 4 anos de idade.

Em 29 de abril, o laudo do IML apontou que Eduarda foi esganada. Seidi está preso desde o dia 28 de abril, por ocultação de cadáver e homicídio qualificado. Já a avó paterna chegou a ser presa quatro dias depois e foi solta em 27 de junho, após decisão do juiz criminal de Rolândia, Alberto José Ludovico.

Em 1º de julho, o MP (Ministério Público) pediu para que Terezinha fosse presa novamente. Na ocasião, o promotor Hideraldo José Real, do MP de Rolândia, entrou com recurso no final da semana passada para que a avó voltasse à prisão. O MP limitou-se a dizer que "a soltura gerou grande clamor e repercussão negativa na sociedade local".

No entanto, em 5 de julho, o TJ-PR (Tribunal de Justiça do Paraná) negou o pedido do MP. Na época, o desembargador Clayton Camargo afirmou que as provas contra Terezinha eram frágeis e que ela tem bons antecedentes, residência fixa e trabalho lícito.

Em 18 de junho deste ano, a bebê Sophia de pouco mais de um ano foi levada já morta à UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Arapongas. Na ocasião, os médicos que atenderam a bebê encontraram lesões nos órgãos genitais da criança e chamaram a PM (Polícia Militar), que prendeu em seguida os pais e a avó da criança. Um dia depois da bebê ser levada morta à UPA, três indivíduos incendiaram a casa da família.

Os três foram indiciados por estupro de vulnerável e homicídio qualificado. O primeiro laudo pericial indicou que o ânus da criança estava dilacerado e a genitália também tinha indícios de violação. A delegada substituta Thaís Orlandini Pereira, que assumiu a investigação da morte de Sophia, afirmou à reportagem em 28 de junho, que acredita que o pai, suspeito de provocar a morte após estuprar a menina, tenha praticado atos libidinosos com a garota reiteradas vezes.

A Polícia Civil também determinou a abertura de inquérito para apurar se outras filhas do casal sofreram abuso sexual. A suspeita é que uma menina de quatro anos também seria vítima, mas não na mesma intensidade. Outra criança do casal também morreu antes de ser levada para atendimento médico em Apucarana.

(Atualizada às 17h23)