São Paulo, 10 (AE) - O diretor do Departamento de Controle e Uso de Imóveis (Contru) da Prefeitura de São Paulo, Carlos Alberto Venturelli, interditou hoje duas plataformas de embarque da Estação da Luz. Em inspeção feita no edifício, que completa 100 anos em março, Venturelli constatou vazamentos de água nas paredes, risco de queda de telhas e instalações elétricas precárias.
A arquiteta Helena Saia publicou estudo apontando os riscos de deterioração da estrutura do edifício, por causa da falta de manutenção. "Hoje Pitta liberou R$ 2 milhões para o Programa Monumenta, financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que pode fazer a recuperação de toda a região da Luz.
O fluxo de passageiros não será prejudicado pela interdição parcial, pois as duas plataformas - a 1 e a 4 - não são utilizadas pelos trens há cerca de três anos. Segundo técnicos da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), as duas passarelas, que ficam nas laterais da estação, eram utilizadas por trens de longo percurso que iam para o interior. O embarque e o desembarque das composições que atendem a capital e a Grande São Paulo são feitos nas plataformas 2 e 3, que não foram fechadas.
Os principais problemas encontrados foram o risco de queda de telhas de coberturas construídas ao longo das plataformas, fios expostos e inúmeros vazamentos nas paredes. "O grande perigo é o contato desses fios com a umidade das paredes, que pode provocar choques", disse Venturelli. O local será liberado após as reformas necessárias.
Viaduto - Um engenheiro da Secretaria de Vias Públicas (SVP) foi acionado para verificar as condições do viaduto da rua Brigadeiro Tobias que atravessa a linha ferroviária. A estrutura de ferro que sustenta o viaduto apresenta sérios problemas de corrosão. Segundo o engenheiro, que pediu para não ser identificado, a corrosão deve ser tratada, mas não há risco de desabamento da estrutura.
Os engenheiros da Prefeitura e da CPTM não souberam informar de quem era a responsabilidade pela manutenção do viaduto, construído na mesma época da estação. Irritado, Venturelli afirmou que enviaria um ofício para a SVP e CPTM apontando para os riscos da estrutura. "É complicado ninguém saber de quem é a responsabilidade da manutenção", alegou o diretor do Contru.
Em relação à estrutura da estação, Venturelli afirmou que não há risco de desabamento imediato. A médio prazo, entretanto, poderá haver problemas decorrentes das várias infiltrações encontradas nas paredes. "A infiltração provoca o solapamento do solo e pode pôr em risco a construção", alertou o diretor do Contru. A arquiteta Helena Saia concorda. "Não há o risco do prédio cair de uma hora para outra."
O superintendente de projetos civis da CPTM, José Augusto Bicalho, disse que ficou satisfeito com a vistoria. "Foi importante, pois foi constatado que não há perigo de desabamento", disse Bicalho, que acompanhou a fiscalização do Contru. Segundo ele, os reparos devem ser feitos ainda esta semana. "A idéia é liberar o espaço o mais rapidamente possível", disse.
Monumenta - Bicalho espera que a recuperação da centenária estação seja incluída no Programa Monumenta. O programa do BID prevê a recuperação de áreas históricas - além de São Paulo, sete cidades brasileiras são candidatas a receber até US$ 8 milhões. O dinheiro liberado por Pitta é a contrapartida exigida pelo BID e Ministério da Cultura para a execução do projeto em São Paulo. A decisão é um passo importante para a consolidação do programa na capital paulista, que estava parado.
Até o momento, o projeto paulista não está definido. Após várias discussões, ficou acertada uma parceria entre o governo do Estado e a Prefeitura para que a cidade não perca o direito ao financiamento. O diretor do Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura (DPH), Luiz Soares de Camargo
cobra dos coordenadores do Monumenta o novo protocolo de intenções com a participação do governo do Estado. "Isso é importante para levarmos o projeto adiante", disse Camargo.
O coordenador do Monumenta, Pedro Taddei, disse que enviou o novo protocolo para a Secretaria Estadual da Cultura. Ele admitiu que há o risco de a estação não ser recuperada, pois
oficialmente, ela ainda não faz parte do Monumenta. O secretário estadual da Cultura, Marcos Mendonça, informou que se reuniu com Taddei e a diretoria da CPTM, na semana passada. "Agora vamos desenvolver um novo estudo, com a Prefeitura, para incluir a Estação da Luz no programa."