Washington, 08 (AE-AP) Adiando o cumprimento de uma decisão do Serviço de Naturalização e Imigração (INS) para que o garoto cubano seja devolvido ao pai, em Cuba, até dia 14, uma comissão do Congresso americano decidiu convocar Elian González, de 6 anos, para depor em audiência incialmente prevista para 10 de fevereiro. A decisão foi recebida com festa pelos exilados cubanos em Havana e com indignação pelo pai do menino, Juan Miguel González.
Agarrado em uma câmara de ar em alto mar, Elian foi resgatado pela Guarda Costeira americana em 25 de novembro. A mãe dele, divorciada do marido, figurava entre os 11 mortos no naufrágio da embarcação com a qual fugira de Cuba.
Como consequência imediata da decisão legislativa, os exilados cancelaram uma série de manifestações programadas para "manter Elian nos Estados Unidos em companhia de seus parentes, onde desfrutará de total liberdade e de uma educação aprimorada". Os exilados vinham realizando concentrações e marchas na chamada Little Havana um bairro de Miami, onde o idioma principal é o espanhol , muitas das quais terminaram em distúrbios.
O autor da citação foi o deputado republicano Dan Burton
um estreito aliado dos exilados cubanos de linha dura e um dos responsáveis diretos pelo reforço do embargo econômico e comercial contra Cuba. A medida teve um claro objetivo: permitir aos parentes do garoto em Havana ganhar tempo.
Ele apresentaram recurso perante um tribunal federal para manter a tutela de Elian e dessa forma evitar sua devolução. O tribunal acatou o recurso, que, no entanto, dificilmente seria julgado antes do dia 14, data limite fixada pelo INS. As autoridades do INS consideraram pertinente a reclamação do pai. Ao emitir seu parecer, o INS levou em consideração as leis internacionais e o fato de González, embora divorciado, manter boas relações afetivas com Elian.
O INS insistiu hoje que sua decisão está integralmente fundamentada na lei, ressaltando que a iniciativa parlamentar não a altera. "Na realidade, não fixamos uma data definitiva para ouvir o garoto", explicou Burton. "10 de fevereiro é uma data ainda provisória."
Em Cárdenas (Cuba), o pai do menino reagiu com indignação. "Que direito tem esse homen (Burton) de fazer isso? Eu sou o pai de Elian e o serviço de imigração americano reconheceu que sou a única pessoa com direito de falar por ele."
González disse que não pretende viajar para Miami. "Em nenhum momento isso passou pela minha cabeça e gostaria de ver meu filho envolto na bandeira cubana", destacou, referindo-se à festa feita pelos exilados diante da casa dos parentes de Elian em Little Havana.
Enquanto um tio carregava o menino nas costas fazendo sinais de vitória, Joe de Basulto, líder da comunidade cubana, assegurava que "a luta" pela permanência de Elian nos EUA será desencadeada em todas as instâncias judiciais e instituições.