Foz do Iguaçu, PR, 09 (AE) - Três camponeses sem-terra morreram, 14 pessoas ficaram feridas e outras 82 foram presas ontem (08), no mais grave conflito agrário registrado no Paraguai. O confronto com a polícia ocorreu na fazenda do brasileiro Evaldo Emílio de Araújo, em General Resquín, no Departamento (Estado) de San Pedro, a 300 quilômetros de Assunção. A Polícia Nacional confirma as três mortes, mas reconhece a existência de apenas oito feridos.
O confronto com a Polícia paraguaia ocorreu poucas horas depois que um grupo de 300 campesinos sem-terra invadiu a fazenda, ainda na madrugada.
De acordo com a polícia, os campesinos desrespeitaram a ordem da juíza criminal Dora Nol de Aguero, que ordenou a desocupação da propriedade.
Além de ignorar a decisão judicial, eles teriam dado mostras de resistência, exibindo várias armas, o que levou a juíza a autorizar o uso de força policial para os retirar do local.
Esta foi a segunda invasão da Fazenda A Esperança em menos de dois meses. A propriedade do brasileiro tem cerca de 10 mil hectares e uma parte está sendo reclamada pelos campesinos sem-terra. Os campesinos decidiram invadí-la depois de recusar a proposta de assentamento feita pelo governo. A primeira invasão ocorreu em 13 de novembro, resultando na morte de um sem-terra em circunstâncias ainda não-explicadas.
Os campesinos recusaram-se a ser assentados numa propriedade oferecida pelo Instituto de Bem-Estar Rural (IBR, equivalente ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária). As negociações envolveram também a Federação Nacional Campesina e representantes da Associação Rural do Paraguai. O Departamento de San Pedro vem registrando nos últimos meses os mais graves conflitos agrários do Paraguai. O vice-ministro do Interior, Gabriel Chase, visitou hoje a região em que ocorreu o conflito.