As galinhas devem ser soltas no residencial quando se adaptarem ao novo ambiente
As galinhas devem ser soltas no residencial quando se adaptarem ao novo ambiente | Foto: Ricardo Chicarelli



Há cerca de duas semanas um condomínio na zona leste de Londrina tem quatro novos e peculiares moradores: galinhas-d'angola, que serão usadas como predadoras naturais de insetos e animais peçonhentos que vivem por lá, como aranhas, baratas e escorpiões. A estratégia é utilizada em diversos estados brasileiros - como Minas Gerais, São Paulo e Bahia - e agora ganha espaço na cidade.

A síndica do residencial, Alda de Abreu, conta que funcionários do condomínio começaram a encontrar uma grande quantidade de animais peçonhentos vindos de uma mata aos fundos do empreendimento. "Muitas aranhas ficam andando próximas à piscina; imagina o perigo para as crianças", observou, dizendo que mesmo com a aplicação de veneno a reclamação dos moradores continuou.

A possível solução veio de Minas. "O nosso diretor social foi visitar uma parente em Minas Gerais e viu que no condomínios de lá têm essas galinhas, que acabam comendo os insetos e animais peçonhentos. Então resolvemos trazer a ideia para cá", explica. "O veneno deve ser usado agora mais contra as formigas, e as galinhas para combater os animais peçonhentos", detalha a síndica do residencial Bella Vittà, no Jardim Montecatini.

Cada galinha custou R$ 70. Por enquanto, elas ficam em um espaço delimitado e ainda estão presas. Devem ser soltas depois de um mês, quando se adaptarem ao novo ambiente e assim começarem "o serviço" no residencial. A alimentação é simples: água e milho. A intenção é que a "caça" aconteça enquanto o dia estiver claro e que o toque de recolher aconteça quando o sol se pôr.

A síndica também não descarta aumentar a galinhada. "Eles se reproduzem muito rápido. Quanto mais tivermos, melhor. Somente nestes dias, foram oito ovos. Mas um lagarto invadiu e acabou comendo. Também é uma preocupação nossa de proteger os filhotes", relata.

CRIAÇÃO
Claudecir Honório Bertola é criador de animais há 10 anos. Ele mora em São Sebastião da Amoreira (Norte) e vende suas galinhas-d'angola para lojas e moradores de Londrina e região. Na sua propriedade, ele vende as galinhas menores por R$ 30 e as adultas por R$ 50. Ele conta que só em 2017 comercializou quase 300. "Até os três primeiros meses o cuidado delas é diferenciado. Depois que crescer, fica mais fácil de manter."

O funcionário de uma loja de produtos veterinários no centro da cidade disse que as galinhas-d'angola vivem, em média, sete anos e a população tem procurado pelos bichos com o mesmo propósito. "São aves rústicas e de fácil criação. Muita gente vem aqui comprar para recriar e também como um predador", resume. Além disso, ele explica que a relação das galinhas com animais domésticos, como cães e gatos, é boa. "Elas interagem bastante tanto com outros animais quanto com os seres humanos, além de servirem como um 'alarme' quando alguma pessoa estranha chega no local", observa.