São Paulo - A condição de trabalho das mulheres interfere diretamente na amamentação dos bebês e a maioria delas não consegue manter o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês de vida, conforme recomenda da OMS (Organização Mundial de Saúde).

O grupo foi dividido entre mães em ocupações semiespecializadas, como manicures, sapateiras, auxiliares de laboratórios e feirantes, entre outras, e mães em atividades de escritório, com jornada de trabalho fixo
O grupo foi dividido entre mães em ocupações semiespecializadas, como manicures, sapateiras, auxiliares de laboratórios e feirantes, entre outras, e mães em atividades de escritório, com jornada de trabalho fixo | Foto: iStock

A situação piora conforme a atividade exercida e a quantidade de horas de trabalho, segundo pesquisa realizada pela Universidade Federal do Maranhão e divulgada neste mês, em que se celebra o aleitamento materno.

Os resultados mostram que, de cada 10 mães, só 3 conseguem amamentar o filho exclusivamente no peito por até seis meses. O percentual aumenta quando se trata de aleitamento materno exclusivo por quatro meses. Neste caso, de cada 10 mães, 6 conseguem manter a amamentação.

O estudo acompanhou 5.166 mães entre 2010 e 2013. Inicialmente, as participantes responderam questionário 24 horas após o parto sobre as ocupações que exerciam. Depois, entre 2012 e 2013, elas foram entrevistadas sobre a duração do aleitamento materno exclusivo quando as crianças tinham de 24 a 36 meses.

O grupo foi dividido entre mães em ocupações semiespecializadas, como manicures, sapateiras, auxiliares de laboratórios e feirantes, entre outras, e mães em atividades de escritório, com jornada de trabalho fixo. Também participaram mães que não trabalhavam.

As que estavam em ocupações manuais semiespecializadas e as que trabalhavam oito ou mais horas por dia interromperam a amamentação antes do previsto com mais frequência.

Segundo os resultados, quando se trata de amamentação exclusiva até o quarto mês, o percentual é de 58,2% para as que trabalham. No caso das que não trabalham, o índice foi de 64,6%.

No recorte de aleitamento exclusivo até seis meses, 46% das que não trabalham mantiveram a amamentação no período. A taxa cai para 34,4% para as mães em trabalho manual semiespecializado e 34,4% para as que exercem funções de escritório (34,7%).

Autora do estudo, a professora Marizélia Ribeiro destaca que a intenção era mostrar o comportamento da amamentação exclusiva em diferentes grupos de trabalho. "Frequentemente, as pesquisas só estudam se a mulher trabalha ou não. Queríamos ver mais: que condições de trabalho fazem a mãe abandonar mais", diz.

Ficar em pé, ter de cumprir jornada e estar em atividades informais também interferem negativamente na amamentação, destacam os pesquisadores. Além disso, para quem tem carteira assinada, a licença-maternidade obrigatória de até 120 dias (quatro meses) interfere no aleitamento. Apenas algumas categorias e empresas têm licença de até 180 dias (seis meses).

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