Condições de estradas fazem alunos perderem primeiro dia de aula
Problema foi registrado no Assentamento Eli Vive, onde chuvas tornaram trechos intransitáveis
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segunda-feira, 03 de fevereiro de 2025
Problema foi registrado no Assentamento Eli Vive, onde chuvas tornaram trechos intransitáveis
Luís Fernando Wiltemburg - Reportagem local
Os alunos das escolas municipais que vivem no Assentamento Eli Vive, na zona rural de Londrina, não conseguiram participar do primeiro dia de aulas da rede municipal, nesta segunda-feira (3), devido às condições de estradas de terra da região. As chuvas intensas do fim de semana tornaram trechos intrafegáveis para ônibus e kombis que fazem o translado dos estudantes.
O assentamento tem 501 famílias e cerca de 180 alunos na rede municipal – que estudam nas escolas Eli Vive 1 e 2 – e outros 200 matriculados na escola estadual que oferece do sexto ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio.
Jovana Cestille, mãe de estudante e assentada há mais de dez anos, diz estar cansada do "descaso". "No ano passado, as famílias chegaram a parar as máquinas da prefeitura, em protesto pela situação, mas nada foi feito por nós", relembra.
Segundo Sandra Flor Ferrer, liderança do Eli Vive, a situação é crônica e vai além dos prejuízos aos estudos. “Temos a Orquestra Camponesa, mais cem alunos que precisam fazer o projeto, e a Guarda Mirim, em torno de 50 crianças, que usam o espaço da escola para fazerem seus trabalhos. Também temos a extensão do posto de saúde do Lerroville, que vem duas vezes por semana atender nossas famílias, mas, na chuva, as famílias não conseguem se deslocar. E, hoje, o que mais me revoltou é que era o primeiro dia de aula”, afirma.
O Eli Vive tem 109 quilômetros de estradas rurais dentro do assentamento, cuja manutenção é de responsabilidade do município. Segundo Ferrer, no fim de 2024, ainda na gestão de Marcelo Belinati (PP), máquinas da prefeitura fizeram o aplainamento das vias, fechando as valetas que se formam na terra. “Mas essas valetas abrem novamente. O ideal era colocar cascalho”, avalia.
Um projeto de manejo das estradas tramita no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), mas, de acordo com Ferrer, os trâmites são lentos. “O cascalho nos ajudaria a aguardar até a conclusão deste projeto”, diz.
Na terça-feira (27), o prefeito Tiago Amaral (PSD) anunciou, nas suas redes sociais, a decretação de emergência para a recuperação de estradas rurais em Londrina. “Esse decreto visa justamente socorrer a você que está aí na área rural, que precisa do atendimento de saúde e se vê impossibilitado de chegar até o distrito, até o patrimônio, até mesmo se deslocar até o nosso centro urbano da cidade Londrina, a você que precisa fazer o escoamento da tua safra, que começa já nos próximos dias a colheita principalmente dessa, da cultura de verão, né, ou do hortifruti, que é diário”, argumenta o prefeito.
A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Prefeitura de Londrina, que divulgou o seguinte posicionamento a respeito da estrada principal para acesso ao Assentamento Eli Vive: "O levantamento que embasou a elaboração do decreto de situação de emergência contempla uma listagem de 17 estradas rurais, elaborada pela equipe da Diretoria de Desenvolvimento Rural da SMAA, para mostrar a situação das estradas rurais. Outras estradas deverão ser atendidas com manutenção"
A nota diz ainda que "existe uma licitação que ainda está em andamento, fase de habilitação, mas não tem uma empresa vencedora. Mas essa licitação é para contratar os projetos e não é para a execução da obra. A empresa contratada vai entregar os projetos de drenagem e das estradas, necessários para licitar/contratar a execução da obra, mas ainda depende de finalização dos projetos."
E adiciona que, "em reunião com o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná na manhã desta segunda (3), o prefeito Tiago Amaral tratou sobre a necessidade de a Prefeitura firmar novos convênios para manutenção das estradas rurais. Três convênios, firmados anteriormente e devolvidos no último ano pela Prefeitura, não poderão ser retomados por falta de empresas que executem a pavimentação no formato proposto (poliédrica com pedras irregulares).
A proposta é de que o Município elabore um estudo, contemplando todas as estradas rurais que não dispõem de asfaltamento para que recebam readequação, o que envolve uma série de serviços envolvendo nivelamento, escoamento de água, aplicação de cascalho e outros. Posteriormente, essas estradas readequadas e pavimentação com bloco sextavado ou Tratamento Superficial Triplo (TST).

