O concurso para professor da Educação Básica, da rede municipal de ensino, realizado neste domingo (27), registrou um índice de abstenção de 10,94% - do total de 10.424 candidatos inscritos para disputar 269 vagas, 1.141 não compareceram.

"E batemos, não somente o recorde de alcance das inscrições em 22 estados, mas também um novo recorde em concurso, com o maior percentual de presença, menor absenteísmo, dos candidatos", afirmou Juliana Bellusci, secretária municipal de Recursos Humanos.

O concurso movimentou os campi da UEL (Universidade Estadual de Londrina) e do IFPR (Instituto Federal do Paraná), além de escolas estaduais e municipais de Londrina. Somente na UEL estavam inscritos mais de 7 mil candidatos. A fila de veículos para chegar à UEL se estendeu da entrada do campus até o cruzamento da PR-445 com a avenida Arthur Thomas, cerca de 2,8 km.

No estacionamento da UEL, muitos candidatos conseguiram estacionar os veículos quase no horário de encerramento da entrada e tiveram que acelerar o passo. Houve casos de candidatos que perderam a documentação no caminho, outros que tinham o local de prova salvo no celular, mas não carregaram o aparelho suficientemente para saber onde realizariam o concurso. Outros se esqueceram de levar o envelope para entregar a documentação exigida pelo processo seletivo e foram perguntando se alguém possuía envelope sobrando.

Bellusci, destacou que logo após o término da prova (marcado para as 19h) será divulgado o gabarito provisório e começa a fase recursal. “O candidato que se sentiu lesado por alguma questão e tem algo a questionar, a partir de hoje (27) , às 21 horas, já deve apresentar estes recursos e isso será analisado pela banca contratada. A fase recursal de praxe acontece durante dois dias, ou seja até terça-feira à noite.”

Ela explicou que os documentos dos títulos entregues neste domingo serão analisados pela banca contratada e pontuados. “Assim que começarem a sair os resultados as pessoas poderão ver a sua classificação”, observou Ela enfatizou que todas as fases, inclusive a correção dos títulos e a correção da prova discursiva após a publicação do dia 9 de dezembro, são passíveis de recurso. “O candidato deve ficar atento ao site da Cops (Coordenadoria de Processos Seletivos da UEL) e deve ver como devem proceder.”

“A demanda da secretaria de Educação é para que o professor inicie o semestre letivo de 2023, então a secretaria de RH está correndo para atender isso, porque estamos em fim de ano, há jogos da Copa do Mundo e o recesso, inclusive da Cops, e os prazos estão bastante enxutos. Já fizemos cronograma para atender 369 profissionais para o início do ano letivo de 2023. A Cops nos entrega o concurso homologado no dia 31 de janeiro de 2023, com o resultado final, com todos os classificados. Já nesse mesmo dia a Secretaria de RH começa a trabalhar nos documentos para fazer a convocação", detalhou Bellusci.

A partir disso a pasta inicia o processo de perícia e , por volta de março, os selecionados já devem estar nas escolas. "O concurso tem dois anos de vigência e pode ser prorrogado para mais dois. A gente sabe que as 369 vagas são as contratações já autorizadas inicialmente e pode haver rotatividade nas convocações, inclusive chamando mais candidatos classificados, inclusive autorização de novas vagas", explicou a secretária de RH.

ÚLTIMO CONCURSO EM 2015

O último concurso para os cargos de professores realizado pelo município ocorreu em 2015. A secretária de Educação, Maria Tereza Paschoal de Moraes, explicou que a pasta se preparava para realizá-lo quando ocorreu a pandemia do novo coronavírus. “Imagine como a nossa rede está, considerando as aposentadorias. A gente fez contratação a partir daquele concurso, mas há, no mínimo, sete gerações de pedagogos que saíram da faculdade e não tiveram a oportunidade de fazer concurso. Nós estamos com uma expectativa muito boa e o planejamento é que os professores comecem em março”, reforçou.

O aprovado trabalhará 30 horas semanais. “Assim que eles entrarem a gente vai preparar um curso de formação inicial, mas a grande dinâmica da educação é a formação em serviço. É o coordenador pedagógico quem recebe as orientações da Secretaria e faz o acompanhamento desses professores em sala de aula. E tem o estágio probatório. A cada ano será feita uma avaliação e ao final de três anos a pessoa se efetiva.”

A falta de concurso obrigou a pasta a trabalhar com horas extraordinárias. “A nossa folha de pagamento está em torno de R$300 milhões e pagamos R$30 milhões por ano de hora extraordinária para que nenhuma turma ficasse sem professor. É um quadro bem complexo. A gente estava trabalhando com a capacidade máxima.”

Londrina possui atualmente 4.800 professores efetivos na rede municipal que atendem 46 mil alunos distribuídos em 123 escolas. Ela expôs que a média de aposentadorias é de 100 a 120 pessoas por ano. “Por esses processos de reforma, chegamos a 200. Se pensássemos só na reposição do quadro funcional, todos os anos precisaríamos de 150 professores. A expectativa é muito boa, talvez mais nossa do que deles.”

PROVA DA UEL

A reitora da UEL, Marta Favaro, destacou a importância de a UEL ser a responsável pela elaboração do concurso. “Um aspecto que é necessário colocar em evidência é a relação que estamos estabelecendo com o sistema, com o ciclo e com a educação básica, que é muito intensa.” Ela reforçou que a equipe que elaborou as provas é muito competente. “A equipe da Cops (Coordenadoria dos Processos Seletivos ) faz tudo com muito rigor e isso dá segurança ao processo. É importante porque temos uma equipe com expertise para dar sustentação a esse processo de seleção. Hoje, particularmente, é muito especial, porque estamos falando da educação básica. Esse processo seletivo permitirá a recomposição de um quadro funcional de professores e isso, para nós, tem um valor especial.”

REDAÇÃO E 50 QUESTÕES

No meio da tarde, foi divulgado o tema da redação: meio ambiente. A proposta é elaborar um texto dissertativo enfocando "o cuidado com o entorno da escola, em especial com terrenos vazios com muito lixo exposto, para a Educação Infantil ou Anos Iniciais d, em que apresente uma proposta de planejamento contendo elementos essenciais de um plano de aula (conteúdo, objetivo geral e específico, procedimento didático-tecnológicos e avaliação), justificando a importância desse conteúdo no processo ensino-aprendizagem das crianças."

A coordenadora da Cops, Sandra Regina de Oliveira Garcia, informou que a prova possui 50 questões objetivas que tratam de conhecimentos específicos (língua portuguesa, matemática, tecnologia), além do texto dissertativo. “Os primeiros 1.500 candidatos classificados terão essa parte discursiva avaliada para ter a certeza que estaremos selecionando bons profissionais para que possam atuar na educação de Londrina.” Ela ressaltou que, até o início da tarde, tudo estava correndo bem. “Não tivemos nenhum problema em relação à prova até agora. Ela foi bem feita e pensada de acordo com o que a prefeitura nos pediu. É uma prova que pudesse selecionar professores que pudessem atuar na educação infantil e também no ensino fundamental.”

Dos 10.424 candidatos, 917 candidatos foram isentos de taxa, 9.015 candidatos disputaram pela ampla concorrência, 113 candidatos se identificaram como sendo pessoas com deficiência, 1.307 se identificaram como afrodescendentes, 10.052 candidatos são do Estado do Paraná, 372 candidatos são de outros estados e 5.641 candidatos são de Londrina. Em relação ao gênero, 753 candidatos são homens, e 9.671 são mulheres.

AVALIAÇÃO DOS CANDIDATOS

A pedagoga Marcela Bordini, 34, formada há 11 anos, participou do concurso da prefeitura e fez a prova no Colégio de Aplicação, na região central. E afirmou que a prova estava um pouco difícil. “Ela foi mais interpretativa. Eu acho que fui bem na redação, porque, enquanto professora, a gente sempre faz plano de aula. O tema era é interessante e consegui desenvolver bem. Matemática achei um pouco difícil e a língua portuguesa achei ok e fui mais ou menos em legislação”, relatou. “Eu sou de Itu (SP) e moro em Londrina há 15 anos. Já fiz outros concursos e comparando com os demais achei a prova bem elaborada.”

Outro candidato que fez a prova no Colégio de Aplicação, Everton Almeida Faria, 25, é recém-formado. “Me formei no primeiro semestre deste ano em Pedagogia e achei a prova difícil”, acrescentando que foi cansativo. “Principalmente as questões que pediam para falar se a alternativa era verdadeira ou falsa. Tinha muito texto. Como não sou do Paraná, sou de Mauá (SP), não estou familiarizado com a legislação daqui”, justificou ele, que atualmente mora em Arapongas (Região Metropolitana de Londrina).” Sobre a dissertação, ele gostou do tema. “Achei que dava para usar desse tema não só a conscientização ambiental, mas desenvolver a individualidade do aluno e deu para usar outras matérias.”

Maria Aparecida dos Santos, 44, formada há 12 anos, veio de Ibiporã (RML) e também achou o concurso difícil “Eu não sei se é porque eu não estudei muito bem, por causa do trabalho, mas achei a parte de legislação bem complicada.” Já a dissertação ela afirmou que foi bem interessante. “Tem muito terreno baldio e conscientizar as nossas crianças é o nosso futuro. Na prova de matemática também caíram coisas que não achei tão difícil.”

(Atualizada)

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