A concentração de renda, segundo mostra a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), continua acentuada mas manteve-se a tendência de queda. Os 10% mais pobres continuam responsáveis por 1% da renda nacional de trabalho (que engloba apenas os ganhos com o trabalho, excluindo os financeiros e patrimoniais), enquanto os 10% mais ricos, que detinham 47,1% da renda em 1995, possuem agora 46,8%. Em média, cada brasileiro ganha por mês R$ 504 - um dado irreal diante do desequilíbrio da distribuição, mas que regula as contas nacionais.
A pesquisa traz o cálculo da renda média dessas fatias da população. Os 10% mais pobres ganham ínfimos R$ 52 mensais, e os 10% mais ricos, R$ 2.361,00. Em termos de salários-mínimos, a parcela mais rica ganha 20 vezes e meia a mais do que os mais pobres.
O efeito distributivo do Plano Real fez-se sentir no consumo de bens duráveis. ‘‘A facilidade no crédito abriu caminho para a compra desses bens’’, atestou a chefe da Divisão de Empregos e Rendimentos, Vandeli dos Santos Guerra. O campeão de crescimento foi o freezer: 19,4% a mais de domicílios do que em 1995. No total, 18% das casas brasileiras possuem um freezer e 78,2% têm geladeira.
Em segundo lugar, vem a máquina de lavar, que cresceu 16,5% em relação à PNAD anterior e está presente em 30,4% dos lares. O telefone subiu 16,3% e existe em um quarto das residências no País. O eletrodoméstico que mais existe nos domicílios brasileiros é o rádio (90,4%), seguido da televisão (84,3%). A PNAD revelou ainda que 78% das casas possuem rede geral de abastecimento de água, 63,6% têm esgoto adequado e em 93% há iluminação elétrica - em 1992, por exemplo, esse índice era de 88%. (E.A.)