Depois do Brasil romper a casa dos 200 mil casos confirmados de Covid-19 nesta semana, o Paraná vive um momento delicado, já que é o Estado que fica ao lado da unidade federativa com mais casos registrados da doença no País. Segue sob risco constante de ver a disseminação do vírus atingir proporções que comprometam a capacidade de atendimento do sistema de saúde. A marca simbólica dos 200 mil casos já foi atingida pelos EUA no começo de abril e as medidas adotadas pelo País do hemisfério norte não foram suficientes para conter o avanço da doença e os casos explodiram desde então.

Como evitar a escalada da Covid-19 no Paraná?
Como evitar a escalada da Covid-19 no Paraná? | Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Questionada sobre como evitar a escalada da doença, a superintendente de Atenção à Saúde da Sesa (Secretaria de Saúde do Paraná), Maria Goretti David Lopes, afirmou que a situação é nova para todos. “Estamos enfrentando a situação há cinco meses fazendo tudo o que é possível. Estamos insistindo na avaliação, monitoração, no distanciamento social, nas medidas de higiene. Vamos insistir e bater na mesma tecla”, destacou.

Segundo ela, é lamentável a situação política atual, com a segunda troca de ministro da Saúde em pouco tempo. “Ficamos todos vulneráveis, mas o Estado do Paraná continuará firme em suas ações. O próprio governador está liderando a equipe, no gabinete de gestão de crise, e as medidas que temos adotado têm alcançado algum sucesso porque estamos orientado toda a equipe e com toda a força para conseguir diminuir a transmissão do vírus e o número de óbitos”, destacou.

O Paraná é o 19º Estado em números absolutos de casos confirmados de Covid-19, com 2.139 casos confirmados e 121 mortes. O Brasil registrou 218.223 casos confirmados da doença e 14.817 mortes. Em Londrina são 125 casos confirmados, 98 recuperados, 15 óbitos, 226 suspeitos e 1045 casos descartados desde 16 de março, quando foi registrado o primeiro caso na cidade. Segundo a Sesa, na macrorregião Norte do Paraná, há para os adultos 79 leitos hospitalares do SUS voltados para UTIs, dos quais 33 estão ocupados (42%) e 173 leitos de enfermaria, dos quais 42 estão ocupados (24%). Entre os leitos hospitalares pediátricos, 37 são UTIs e cinco estão ocupadas (14%) e 67 são enfermarias, dos quais cinco estão ocupadas (7%).

Lopes relatou que a saturação dos leitos é monitorada todo dia e toda hora. “Temos o quantitativo de hoje, que ainda não está sendo utilizado. Se chegar a um aumento de uma determinada macrorregião, há um plano de retaguarda por cada macrorregião do estado. Não precisamos colocar em prática agora, porque a situação está confortável. Na hora que for necessário implantaremos isso.” Questionada se a velocidade de implantação desse plano atenderia a velocidade do aumento súbito da demanda de leitos como tem ocorrido em outras regiões, ela diz que o plano de expansão de leitos já está desenhado, inclusive com os locais possíveis, mas não disse como será o aumento das equipes intensivistas. “Um leito hospitalar não se faz só com o espaço. Precisamos de equipes e equipamentos. Há dois processos de compra de respiradores artificiais, EPIS (Equipamentos de Proteção Individual) e destinamos um repasse aos municípios, que podem ser gastos em custeio e investimento para contratar pessoal de saúde. É um plano completo. Não é isolado”, garantiu.

A média de idade dos casos confirmados por Covid-19 caiu para 44,7 anos e a média de idade dois óbitos é de 67,6 anos. A informação está no informe epidemiológico desta sexta-feira (15), divulgado pela Secretaria de Estado da Saúde. No dia 22 de abril, quando essa métrica começou a aparecer nos informes, a média era de 46,4 anos, diante de 1.063 casos. Em 3 de maio, quando o Estado alcançou 1,5 mil casos, era de 45,6 anos.

A faixa etária mais atingida continua sendo a adulta, com destaque para pessoas entre 20 e 59 anos, com 1.550 casos, o que representa 75% do total. Entre 22 de abril e 14 de maio a evolução foi percentualmente mais rápida entre os mais jovens e adultos na comparação com os idosos. Em termos absolutos, foram 59 novos casos entre crianças e adolescentes, 766 entre adultos e 177 entre idosos.

Nesse período, por exemplo, os casos escalaram 107% entre pessoas com 20 a 29 anos (de 147 para 305); 100% entre 40 e 49 anos (de 200 para 400); 98% entre 30 e 39 anos (de 242 para 481) e 86% entre 50 e 59 anos (de 195 para 364). Entre zero e 19 anos o salto foi de 168% (de 35 para 94 casos) e entre mais de 60 anos de 73% (de 242 para 419).

A tendência de queda na idade média pode ser observada desde o fim de abril, variando entre 46,7 anos e 44,9 anos. A máxima foi atingida entre 24 e 26 de abril, com queda constante desde então e uma pequena variação para cima no dia 7 de maio. A redução foi de um ano e oito meses nesse período.

Doença endêmica

O infectologista do Hospital Universitário de Londrina, Arilson Morimoto, afirma que enquanto não surgir a vacina contra a Covid-19, a doença deve ser tratada como endêmica. “A diferença entre uma epidemia e endemia é que a epidemia acaba depois de um certo período de tempo e a endemia é quando a doença permanece, como é o caso do vírus HIV, que surgiu nos anos 1970 e permanece até hoje sem uma cura”, apontou.

“Não temos vacina e o modo de transmissão é como o da gripe, ou seja, é complicada de conter. A quarentena só funciona se manter todo grupo isolado, bloquear toda uma cidade e fazer lockdown.” Ele cita a Nova Zelândia como um país que conseguiu controlar isso com certo sucesso depois de fechar suas entradas, mas acha difícil fazer no Brasil. “Ninguém consegue fazer isso. A Itália fez e lá continuam aparecendo casos novos. O bloqueio não é perfeito”, declarou.

Morimoto destacou que a situação da saturação dos leitos hospitalares no Paraná ainda está confortável, mas não significa que pode fazer festa. “Estar confortável não significa que os jovens podem ir a festas ou baladas. É preciso ter paciência.”, pontuou.

“Não conseguimos impedir de forma perfeita como a Coreia do Sul e não aguentamos ficar em quarentena. Já queimamos um mês de auxílio do governo e vamos começar o segundo mês. A única forma de diminuir a velocidade de contágio é se as pessoas tomarem consciência da necessidade de distanciamento social, além de adotar as medidas de higiene.”

Ele afirmou que nesse processo é preciso achar um meio termo para manter a economia ativa, já que a recessão provocada pela quarentena forçada pode levar a uma situação de fome que pode gerar mais estragos que a pandemia. “Será extremamente ruim.”

RIBEIRÃO DO PINHAL

Com 10 casos confirmados e uma morte causada pela Covid-19 em Ribeirão do Pinhal (Norte Pioneiro) em uma população de aproximadamente 13 mil habitantes, a 18ª Regional de Saúde estuda a implantação do fechamento total do município, já que a incidência da doença é alta e já foi registrada uma morte no município.

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