Comissão do bug retoma alerta; sistemas financeiro e de energia são os que mais preocupam
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segunda-feira, 03 de janeiro de 2000
Por Gustavo Paul e José Ramos
Brasília, 02 (AE) - Os sistemas financeiro e de energia elétrica do País enfrentarão amanhã o segundo momento crítico do bug do ano 2000. O Centro de Coordenação Geral (CCG), montado no Ministério da Defesa, retomará o regime de alerta a partir da manhã, quando os bancos voltam a funcionar e muitas indústrias religarão suas máquinas. A partir das 17 horas os técnicos estarão atentos especialmente ao horário de pico do consumo de energia, que vai das 18 horas às 22 horas, e à compensação bancária.
"Não há perspectiva de que ocorram problemas, pois o momento mais crítico de todos foi a virada do ano", afirmou o secretário-adjunto da Comissão Coordenadora do Programa Brasileiro Ano 2000, Marcos Osório de Almeida. A Comissão prevê que a Sala de Situação poderá ser desativada na terça-feira, um dia antes do prazo previsto. "O resultado da virada foi muito melhor do que nosso próprio otimismo", disse Almeida.
A Sala de Situação foi parcialmente desativada a partir das 18 horas de sábado. Os técnicos setoriais foram dispensados e só uma equipe de plantão permaneceu acompanhando informações. "No caso de qualquer ocorrência todos poderemos ser localizados por telefone", disse Almeida.
A Comissão Coordenadora continuará em atividade pelo menos até julho, quando se prevê que os riscos com panes nos computadores motivados pelo bug do ano 2000 estarão bastante reduzidos. Os técnicos temem, por exemplo, problemas no dia 29 de fevereiro. "No segundo trimestre creio que poderemos concluir o relatório sobre o desempenho do País no bug", explicou Almeida.
O governo não se surpreendeu com as declarações dadas no final de semana pelo dono da Microsoft, Bill Gates, que não descartou a ocorrência de problemas nos próximos meses em razão do bug do ano 2000. Os relatórios técnicos produzidos nos últimos meses já previam a possibilidade de problemas durante este ano.
Segundo Almeida, haveria uma curva ascendente de riscos com o bug do ano 2000 a partir de setembro do ano passado, atingindo o pico no dia 31 de dezembro e caindo progressivamente até julho. "Depois, os riscos se estabilizam até o ano 2001, quando haverá uma redução gradual dos possíveis problemas", disse o secretário-adjunto da Comissão.
Riscos indiretos - A partir de amanhã (03), no entanto, os riscos previstos não são apenas os efeitos residuais do bug, mas também os indiretos. No setor elétrico, por exemplo, existe preocupação com as oscilações na demanda por energia, já que muitas empresas desligaram suas máquinas para evitar queima de equipamentos na virada do ano, caso tivesse havido um apagão como o de março.
Amanhã pela manhã muitas indústrias e empresas comerciais religarão seus equipamentos e aumentarão a demanda no sistema. Os técnicos do setor têm que jogar mais energia no sistema à medida que a demanda aumenta e quanto mais brusco for o movimento, mais trabalho dá às equipes. Mas o maior temor dos técnicos é de sobrecarga no sistema a partir das 18 horas, quando começa o momento de pico de consumo.
Amanhã o governo vai acompanhar também com atenção o movimento do sistema financeiro ao longo do expediente e da compensação bancária no primeiro dia útil depois da virada do ano 2000. Com os testes realizados nas bolsas de valores e principais bancos no sábado não há expectativa de que ocorram problemas.
Na quarta-feira haverá o terceiro momento crítico do bug
pois começarão a ser pagos os benefícios previdenciários a mais de 18 milhões de aposentados e pensionistas, no valor de R$ 4 bilhões. Os técnicos da Previdência acreditam que não haverá problemas, pois as fitas magnéticas com as ordens de pagamentos já haviam sido entregues aos bancos antes da virada do ano, e foram programadas contra o bug.