Local: Cariús-CE
Local: Cariús-CE | Foto: Emanuel Hericlys Eliziário Carneiro, estudante de física da Universidade Estadual do Ceará.

Em séculos passados, os cometas eram vistos como mensageiros dos céus que traziam presságios trágicos a algumas culturas. Muitos pensavam que o corpo astronômico poderia colidir com a Terra e trazer terríveis consequências. Apesar do mau agouro, sempre foram admirados e iluminavam o céu, causando admiração e fascínio. Contudo, com o avanço da ciência, sabe-se que os cometas são inofensivos quando não estão em rota de colisão com o planeta e, assim, configuram um verdadeiro espetáculo astronômico.

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Local: Cariús-CE | Foto: Emanuel Hericlys Eliziário Carneiro, estudante de física da Universidade Estadual do Ceará.

Segundo Miguel Fernandes Moreno, coordenador do Gedal (Grupo de Estudo e Divulgação de Astronomia de Londrina), os cometas podem ser definidos como “grandes bolas de gelo sujo, cuja origem remonta ao surgimento do Sistema Solar, há aproximadamente cinco bilhões de anos”. O coordenador explica que esses corpos podem ter variados quilômetros de diâmetro, podendo ser maiores ou menores.

“Os cometas podem acabar passando próximo ao Sol durante suas órbitas. Há cometas que orbitam nossa estrela ‘em segurança’, muito além da órbita de Plutão. Contudo, existem aqueles que possuem órbitas bem alongadas, o que explica a passagem dos cometas pela Terra. O caso mais famoso é o Cometa Halley, que a cada 76 anos se aproxima do Sol”, explica Moreno.

Os cometas são conhecidos por seu aspecto físico, que envolve um ‘corpo’ ligado a uma ‘cauda’. Ao redor, existem gases, que se formam quando o cometa se aproxima do Sol e parte da matéria ‘evapora’ por conta da radiação. Os gases ao redor do corpo são chamados de coma – ou de cabeleireira – e, posteriormente, formam a cauda do cometa.

Desde o início de julho, o cometa Neowise tem sido visto no Hemisfério Norte. No entanto, os amantes da astronomia que moram abaixo da Linha do Equador ainda não tiveram muito o que comemorar. Conforme explica Moreno, a sonda Neowise, da Nasa, descobriu este começa no final de março. Com cerca de apenas 5 quilômetros de diâmetro, o cometa se mostrou capaz de criar um belíssimo espetáculo no céu ao redor do mundo.

Apesar de ter aparecido mais no Hemisfério Norte, agora chegou a vez do Sul: a partir desta semana, o Neowise começa a ganhar os céus de países como o Brasil. Apesar de toda a excitação de quem busca o espetáculo, astrônomos costumam dizer que cometas são como gatos: é impossível prever seu comportamento.

“No dia 3 de julho, o cometa Neowise passou pelo periélio, que é o momento de máxima aproximação do Sol e, desde então, tem sido freneticamente fotografado por observadores do Hemisfério Norte”, conta o coordenador do Gedal. Agora, contudo, o Neowise tem ficado mais visível ao Sul do planeta, uma boa notícia para os observadores brasileiros.

Conforme explica Miguel, o cometa estava mais visível aos estados da região Norte do Brasil no último final de semana e, agora, é chegada a hora dos moradores da região Sul observarem o espetáculo. Apesar da boa notícia, Moreno explica que, como está se afastando Sol – já que atingiu o periélio no início do mês – o cometa se torna menos brilhante com o passar dos dias.

“Imagens como as captadas por moradores do Hemisfério Norte, que mostravam um belo e brilhante cometa no céu, infelizmente não poderão ser obtidas por nós”, afirma. Apesar disso, vale a pena tentar observar o fenômeno. Segundo o coordenador do Gedal, o cometa fica visível após o pôr do Sol, em direção Noroeste (entre o Oeste e o Norte) e a observação é dificultada porque o céu ainda não está completamente escuro.

“Para tentar localizar, busque locais mais afastados de luzes e, se possível, utilize aplicativos do tipo ‘planetário’, que estão disponíveis para celular. Essa ferramenta poderá ajudar a localizar o cometa. Além disso, um binóculo pode ajudar!”, aconselha.

De acordo com a Nasa, o Neowise é um dos poucos cometas deste século que serão visíveis a olho nu. Por isso, vale tentar observá-lo!

Dicas para observar o cometa

· Após o pôr do Sol, olhe para o céu em direção Noroeste (entre o Oeste e o Norte);

· Busque locais mais afastado de luzes;

· Baixe aplicativos do tipo ‘planetário’ para localizar o cometa mais facilmente;

· Use um binóculo.

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*Sob supervisão de Fernanda Circhia, editora online.