São Paulo, 30 (AE) - A temporada de liquidações de verão
que costuma ocorrer em fevereiro, foi antecipada este ano por boa parte dos lojistas de shoppings, que desde o início de janeiro busca aumentar o volume de vendas oferecendo descontos de 50% ou mais em suas mercadorias. A preocupação de se desfazer de estoques, que no último Natal foram mais reforçados do que no ano anterior, e com a queda do movimento que costuma ocorrer em janeiro, por causa das férias, são os motivos mais citados pelo comércio para justificar a decisão de antecipar as liquidações conjuntas dos shoppings.
O Morumbi começa sua tradicional Liquidação do Lápis Vermelho na sexta-feira, dia 4, junto com a do novo shopping Anália Franca, do mesmo grupo. Mas a maior parte dos shoppings só vai fazer liquidações conjuntas em torno da segunda quinzena de fevereiro, como é o caso do Iguatemi ou dos 27 shoppings da Grande São Paulo que vão participar do Liquida São Paulo, no período de 12 a 27 de fevereiro. Outros, como os shoppings da Rede Plaza, optaram por uma liquidação-surpresa de curta duração
logo depois do Natal. "Quem tinha estoques continuou fazendo promoções", diz a superintendente da rede, Eleonora de Souza Ramos.
No ano anterior, grande parte do comércio também não esperou as liquidações conjuntas porque as vendas desabaram ante as perspectivas negativas após a mudança cambial, na primeira quinzena de janeiro. Para ter uma idéia, levantamento da Associação dos Lojistas de Shoppings (Alshop) mostra que o faturamento do setor caiu 6% em janeiro de 99 em relação a janeiro de 98.
No ano passado, os descontos oferecidos, no início das promoções, eram de 10% a 30% e iam aumentando aos poucos até a queima total dos estoques. Este ano a estratégia tem sido um pouco diferente. "Percebemos que ir aumentando os descontos aos poucos não é um chamariz tão grande e resolvemos oferecer de uma vez 50%", diz Agustina Almeida, uma das proprietárias da Zion, localizada no shopping Iguatemi. Ela se queixa de o Natal ter sido mais fraco do que o esperado e diz que se não estivesse liquidando teria também queda de movimento em janeiro. Sua expectativa é fechar o mês com um aumento de vendas em torno de 30%.
Na Rose Benedetti, também no Iguatemi, os estoques de Natal também foram maiores do que no mesmo período do ano anterior e a liquidação já começou com descontos maiores, variando de 50% a quase 70%, segundo a gerente da loja, Alyny Melari. "Quase todo ano começamos com 30% e acabamos com 60%, mas neste estamos dando um desconto maior", diz. Sua perspectiva é de um aumento de vendas de 40% em relação a janeiro de 98. "O crescimento é alto porque em janeiro passado tivemos o pior momento do ano." Sua preocupação também é queimar o estoque para começar a lançar em fevereiro a nova coleção. "Temos 3.000 peças para vender agora e durante a liquidação conjunta do Iguatemi."
Mesmo os lojistas de shoppings novos, como o Higienópolis, que vai entrar em liquidação apenas a partir do dia 17, anteciparam-se à queima oficial de estoques. "Toda nossa rede entrou em liquidação, e na última semana de fevereiro já estaremos mostrando a coleção de meia-estação", diz a supervisora das lojas Mó Bettah, Ana Maria Julião. Segundo ela, janeiro é o mês mais crítico de vendas e os anúncios de liquidações são irresistíveis para muitos consumidores. "Eles olham os descontos na vitrine e muitas vezes compram os produtos em oferta e outros que não estão com descontos", diz a gerente Mara Migotto, da Mó Bettah do Higienópolis.
Para o presidente da Alshop), Nabil Sahyon, mais importante do que todos os lojistas aderirem à mesma data de liquidação conjunta é não deturpar a palavra liquidação. "O consumidor percebe, cada vez mais, quando os descontos são maquiados", diz Sahyon, que espera um aumento de 20% nas vendas com o Liquida São Paulo. O superintendente do Iguatemi, Waldyr Chao, considera que as liquidações conjuntas perdem força quando as lojas se antecipam, mas observa também que os grandes estabelecimentos têm estratégias próprias de promoção.