Rio, 31 (AE) - O comerciante José Antônio Alves Xavier deve entrar, na segunda-feira, com uma ação de responsabilidade civil contra a Igreja Universal do Reino de Deus, da qual foi membro fundador. Ele acusa o bispo Edir Macedo, maior autoridade da Universal, e o deputado Laprovita Vieira (PPB-RJ), da bancada evangélica, de o usar como laranja na compra da TV Record do Rio
em 1993. Por causa da negociação, Xavier responde a inquérito na Polícia Federal e a processo fiscal na Receita Federal, além de ter perdido o direito de negociar carros, profissão com a qual sustenta sua família.
"Ele assinou papéis na época da compra, sem saber do que se tratava e nunca recebeu um centavo da Igreja Universal como dividendo ou pagamento por sua cota", garante seu advogado Marcelo Travassos, que hoje esperava apenas alguns documentos complementares para dar entrada com a ação na Justiça Estadual do Rio. "Vamos pedir não só que ele seja desligado de qualquer negócio com o Bispo Macedo, mas também uma indenização por perdas e danos, de cerca de R$ 1 milhão."
Xavier frequentou a Universal desde o fim dos anos 70 e era considerado o maior ofertante (pessoa que faz donativos, além de pagar o dízimo, correspondente a 10% da renda bruta mensal) da sua igreja, a primeira a ser fundada, no bairro Abolição, na zona norte do Rio. Ele conta que no início de 1993 foi convidado pelo próprio Bispo Macedo para ajudar na compra da antiga TV Rio, o que aconteceu em meados do mesmo ano. Nessa ocasião, ele passou uma noite inteira no escritório da Múcio Athayde, um dos antigo proprietários da emissora, ao fim da qual assinou vários documentos sem ler.
Só em 1996, quando a TV Globo, concorrente da TV Record, denunciou irregularidades na compra da emissora, Xavier começou a ser incomodado pela Receita, pela Polícia Federal e até por bandidos que, chegaram a sequestrá-lo. Diante do incômodo, solicitou diversas vezes ao Bispo Macedo que o tirasse do negócio, mas nunca foi atendido. "Ele passou a cota de Antônio para o deputado bispo Rodrigues (PJ-RJ), mas seus processos legais continuam do mesmo jeito", conta o advogado Travassos. "É disso que ele quer se livrar nesta ação."
A reportagem não conseguiu localizar nenhum responsável pela Igreja Universal para falar da acusação.