Agência Estado
De Salvador
Com uma missa solene celebrada na Catedral Basílica de Salvador, o arcebispo da capital baiana, dom Geraldo Majella Agnelo, instalou ontem o tribunal eclesiástico. Com isso começa oficialmente o processo que pede a canonização de Irmã Dulce. O tribunal, presidido por dom Geraldo e constituÍdo também por dois padres e duas religiosas, vai apurar e enviar ao Vaticano provas sobre milagres atribuídos à Irmã Dulce. A religiosa, que morreu em 1992, dedicou mais de 50 anos de sua vida ao trabalho com os pobres.
Na primeira etapa do processo, será requerida ao Vaticano a beatificação da religiosa. Depois disso ela poderá ser canonizada. No Brasil, a Igreja reconhece como beatos o Padre Anchieta, o Frei Galvão e a Irmã Paulina. Até o momento, apesar da grande religiosidade do povo brasileiro, nenhum dos três foi canonizado pelo Vaticano. Irmã Dulce pode ser a primeira santa brasileira.
Para garantir o reconhecimento da religiosa como beata, o tribunal eclesiástico precisa comprovar a existência de pelo menos dois milagres atribuídos à Irmã Dulce. A comissão que iniciou a campanha pela canonização da freira já reuniu pelo menos 300 relatos de graças alcançadas por devotos de Irmã Dulce.
A obra social de Irmã Dulce é reconhecida internacionalmente. Com doações ela construiu o Hospital Santo Antonio, um dos maiores de Salvador, que atende gratuitamente mil pacientes por dia. A filosofia no hospital é nunca recusar um paciente. As Obras Sociais de Irmã Dulce mantém um orfanato na cidade de Simões Filhos.
Com o processo da religiosa, o tribunal eclesiástico vai investigar também o caso de outra freira baiana, a Irmã Lindaura, assassinada com 48 facadas há sete anos, por um interno do Abrigo D. Pedro Segundo, onde ela trabalhava. A comunidade católica baiana quer que Irmã Lindaura seja declarada mártir da Igreja pelo Vaticano.