São Paulo, 15 (AE)- Nesta quarta-feira começa oficialmente a tão anunciada competição nos serviços telefônicos em São Paulo. Na prática, a entrada da empresa espelho da Telefônica, a Vésper São Paulo, vai significar uma maior oferta de linhas telefônicas, mas dificilmente haverá uma guerra de preços para beneficiar os consumidores.
O próprio contrato protege a nova empresa da concorrência.
A Telefônica está proibida de reduzir seus preços a níveis inferiores aos cobrados pela Vésper. A Vésper ainda não divulgou seus preços, mas nas cidades em que a empresa já começou a operar, no início deste mês, os preços eram maiores do que os cobrados pela Telemar. "Queremos fazer a diferença pela qualidade dos serviços, e não pelo preço", justifica o vice-presidente da Vésper, Rafael Steinhauser. A Vésper São Paulo atua no Estado de São Paulo, na mesma área da Telefônica e a Vésper, com sede no Rio, atua nos outros Estados da região Sudeste, Norte e Nordeste, área da Telemar.
A Vésper São Paulo vai oferecer os serviços inicialmente em 15 municípios do Estado - São Paulo, Guarulhos, Campinas, São José dos Campos, São Bernardo do Campo, Santo André, Osasco, Diadema, Mauá, Carapicuíba, Embu, Mogi das Cruzes, Itaquaquecetuba, Barueri e São Caetano do Sul. Outras 12 cidades deverão ser atendidas até dezembro deste ano. No próximo ano, devem ser agregados outros 26 municípios, aumentando a área de atuação da nova operadora para 53 cidades.
A Vésper São Paulo já investiu US$ 400 milhões no ano passado e planeja gastar mais US$ 300 milhões este ano e a mesma quantia em 2001. Toda a tecnologia será digital, fornecida pela Lucent Technologies e pela Nortel, que forneceu o equipamento para o Centro de Atendimento ao Consumidor em Campinas.
Apesar da tecnologia de última geração empregada, os usuários da Vésper podem ter algumas restrições de serviços nos primeiros meses de operação. A empresa deve demorar algum tempo para oferecer ligações a cobrar, porque ainda não concluiu os acordos com as operadoras de outras regiões.
A Telefônica, que comprou a Telesp em agosto de 98 e por enquanto opera sozinha no mercado paulista, também programou investimentos pesados para os próximos anos. A empresa vai investir R$ 3,2 bilhões este ano na região, para ampliação e modernização das centrais e instalar mais 2 milhões de linhas telefônicas. Desde agosto de 98, o número de linhas aumentou de 5,9 milhões para 8,4 milhões em dezembro do ano passado.
A empresa não quer comentar a entrada do concorrente no mercado. Diz apenas que a concorrência já era prevista e não quer comentar sua estratégia antes que a própria operadora anuncie seus preços e forma de atuação. "Estamos esperando as definições da Vésper", diz um diretor da Telefônica.
A coordenadora jurídica do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), Flávia Lef_vre, acha que o único benefício imediato para o consumidor será a maior oferta de linhas disponíveis. Como a Vésper ainda não fez nenhuma divulgação de que está entrando no mercado, ela acredita que a empresa vá investir no mercado corporativo, sem se interessar pelo consumidor residencial. Além disso, a própria limitação legal, que impede a Telefônica de baixar seus preços num nível inferior ao cobrado pela Vésper, é a garantia de que não haverá guerra de tarifas. "É um concorrência assimétrica, que protege a empresa que está entrando no mercado agora", diz Flávia.
Um estudo do Idec mostra que em 2005 os serviços estarão custando, em termos reais, 82,8% mais, se os reajustes continuarem no mesmo rítmo de 1999.
(Colaborou Gustavo Alves)