Com um único psiquiatra, IML de Londrina só tem agenda para ano que vem
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terça-feira, 13 de julho de 2021
Rafael Machado - Grupo Folha
A defasagem de servidores no Instituto Médico Legal (IML) do Paraná não é nenhuma novidade, mas o setor de psiquiatria parece um dos mais afetados. O Estado tem apenas três médicos na área para atender a demanda de 399 cidades. Segundo o presidente do Sinpoapar (Sindicato dos Peritos Oficiais e Auxiliares do Paraná), Alexandre Guilherme de Lara, dois profissionais ficam em Curitiba e um em Londrina.
O funcionário que trabalha no IML de Londrina é responsável por 212 municípios, ou seja, 53% de todo o Paraná. Ele abrange cidades do Norte, Norte Pioneiro e Noroeste. Por meio da Lei de Acesso à Informação, a Ouvidoria da Polícia Científica informou que o médico foi admitido em concurso público realizado em 2017, mas só em 2019 efetivamente começou a atuar na unidade. A carga horária é de 20 horas semanais. Não há expediente aos finais de semana e feriados.
"É um número muito baixo para a quantidade de trabalho. Só na região de Londrina, por exemplo, a agenda de exames está cheia até o início do ano que vem. De uma forma geral, o IML sofre historicamente com a falta de pessoal. Para os legistas, temos 301 vagas, mas 121 estão ocupadas, ou seja, menos da metade. Somando o Instituto de Criminalística, o fenômeno é o mesmo. O quadro é de 1.478 servidores, mas apenas 523 foram contratados", explicou De Lara.
A FOLHA procurou a Sesp (Secretaria Estadual de Segurança Pública), que não respondeu as perguntas sobre perspectiva de novas contratações. Conforme a Polícia Científica, o único psiquiatra de Londrina tem uma fila de 174 exames para serem feitos. Dentre outras funções, este tipo de médico coordena o incidente de insanidade mental, que detalha se uma pessoa tinha pleno conhecimento de um crime que é acusado.
Sem profissionais o suficiente, quem depende desse serviço no IML precisa conviver com a lentidão. "Não ter peritos e médicos em um número minimamente razoável traz um prejuízo ao andamento dos processos penais. Esse tipo de perícia é obrigatória e essencial, mas a ação fica parada enquanto o laudo não é emitido", avaliou o advogado criminal Rafael Garcia Campos.