Para começar bem o novo ano, nada melhor do que muito mochi, ozoni e tradição, passada de geração para geração. Na manhã deste domingo (7), mais de 100 descendentes de japoneses ou admiradores da cultura nipônica se reuniram na Acel (Associação Cultural e Esportiva de Londrina) para celebrar o Ano Novo. Com rituais e comidas tradicionais, o momento é de celebrar a união e orar por prosperidade e fartura para 2024.

Luzia Yamashita Deliberador, presidente executiva da Acel, explica que a celebração do Ano Novo, chamada de Shinnen Haiga Shiki, é feita sempre no primeiro dia do ano, mas que, para 2024, eles optaram por mudar a data, já que muitas pessoas não conseguiam participar por estarem com suas famílias ou em viagens. Com a mudança, mais de 100 pessoas confirmaram presença no evento deste ano.

Ela pontua que o Brasil é o segundo país com maior número de japoneses no mundo, atrás apenas do Japão. Na região de Londrina, a presidente afirma que são pelo menos 40 mil descendentes. “A Acel vai fazer 69 anos neste ano e ela sempre manteve as tradições japonesas porque senão uma hora acaba”, explica. Segundo Deliberador, a celebração é uma forma de manter e disseminar a cultura japonesa em Londrina e em toda a região.

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Uma das tradições da cerimônia é o brinde com saquê, bebida típica japonesa, pedindo pela amizade e saúde de todos. O brinde é proposto por um convidado especial da associação, geralmente mais velho, sendo que neste ano o escolhido foi o Atsushi Yoshii, 85.

Para Yoshii, é importante que cada geração mantenha a tradição japonesa viva para fortalecer as raízes e a comunidade, assim como para disseminar os valores, que unem o Japão e o Brasil. “Eu fico admirado porque existem pessoas jovens, da segunda e terceira geração, que mantêm essas tradições, o que eu acho muito bacana”, afirma.

Luzia Yamashita Deliberador, presidente da Acel: “O japonês começa o ano comendo mochi, que significa você desejar boa sorte, harmonia, que é o coletivo, porque para o japonês tudo é coletivo, e a prosperidade para as pessoas"
Luzia Yamashita Deliberador, presidente da Acel: “O japonês começa o ano comendo mochi, que significa você desejar boa sorte, harmonia, que é o coletivo, porque para o japonês tudo é coletivo, e a prosperidade para as pessoas" | Foto: Jessica Sabbadini

CERIMÔNIA BUDISTA

A celebração religiosa em comemoração ao Ano Novo foi conduzida pelo monge Marco Takaaki Yasunaka, do Templo Honpa Hongwanji de Londrina, que começou com a apresentação dos hinos nacionais do Brasil e do Japão. Segundo ele, a chegada de um novo ano é muito importante para os japoneses pelo fato de que há cerca de 100 anos o país seguia o calendário lunar, em que o aniversário de todas as pessoas, independente do dia de nascimento, era comemorado em 1° de janeiro.

Em destaque durante a celebração, ele explica que o mochi traz na sua essência o cereal que é considerado o mais importante para os japoneses: o arroz. “É o que nos nutre e é o que é mais cultivado no Japão, então faz parte da cultura [japonesa] o arroz ser um alimento importante. A gente oferece para o Buda como uma forma de agradecimento pelo alimento que a gente recebe todo ano”, detalha.

OZONI

Um dos momentos mais esperados pelos participantes é o de compartilhar a refeição, sendo que o prato tradicional para os japoneses para essa época do ano é o ozoni, uma sopa que traz muito da cultura oriental. Além do caldo, a sopa traz mochi, alga e cogumelos.

Marina Tomoike, voluntária:  mochi é embalado com uma camada de tofu frito como se fosse um presente
Marina Tomoike, voluntária: mochi é embalado com uma camada de tofu frito como se fosse um presente | Foto: Jessica Sabbadini

“O japonês começa o ano comendo mochi, que significa você desejar boa sorte, harmonia, que é o coletivo, porque para o japonês tudo é coletivo, e a prosperidade para as pessoas. Então é desejar isso um ao outro”, explica Luzia Yamashita Deliberador. O mochi é uma espécie de bolinho feito com o arroz mochigome, que pode ser servido tanto em pratos salgados, como o ozoni, quanto em doces.

Voluntária na preparação do ozoni há mais tempo do que se lembra, Marina Tomoike, 66, explica que a sopa deve ser consumida no início do ano por todos os japoneses. Ele explica que a refeição tem um preparo simples, já que o carro-chefe do prato é o mochi, que é passado de geração em geração. No total, vão ser servidas mais de 100 porções de sopa e mais de 12 quilos de mochi.

Antes de ser servido, o mochi é embalado com uma camada de tofu frito como se fosse um presente, que é chamado de saquinho da fortuna ou pacotinho da prosperidade. “Isso aqui é gratificante para nós, é tudo para nós”, afirma, complementando que a tradição nunca vai acabar, já que os filhos e netos também são ativos nas cerimônias.