Familiares do aposentado Venâncio Fabiano, 84 anos, que foi internado em estado grave no HZN (Hospital Zona Norte de Londrina) na quinta-feira (26), estão revoltados com a demora na transferência do paciente que necessita de um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). O idoso está intubado no hospital secundário e aguarda a transferência desde o início da semana.

As filhas tentam, sem sucesso, uma transferência para um leito de UTI (Unidade de Terapia Intensiva). A informação repassada preliminarmente pelo hospital é que não havia vaga em Londrina pela Central de Leitos da Secretaria de Saúde de Londrina, mas o idoso foi referenciado para uma vaga de UTI no hospital em Ivaiporã. Entretanto, os parentes esbarraram em outro problema: a falta de ambulância do Samu. Até o final da tarde desta quarta-feira (1º) as filhas aguardavam o transporte do paciente para o município, que fica a 160 km de Londrina.

"Para mim já foi um choque saber que não tinha transferência para hospitais daqui porque não tínhamos como acompanhá-lo em um município tão distante. Mesmo assim, meu irmão foi de madrugada até Ivaiporã para esperar meu pai lá, mas agora estamos esperando uma resposta do Samu. Primeiro foi a falta de vagas em UTI, depois a falta de ambulâncias", reclama a filha Maria Lurdes Fabiano, cuidadora de idosos.

Segunda ela, o boletim médico mostra que o quadro do idoso é critico. "Os batimentos cardíacos dele estão caindo, meu pai está muito inchado, os rins não estão funcionando adequadamente. A respiração está muito fraca. Ele foi entubado no quarto dia e precisa urgente de uma UTI. Já choramos, oramos, pedimos. Fico indignada pelo pouco caso do poder público com o idoso." Segundo ela, no HZN outros pacientes internados no hospital também demoraram para conseguir transferência para um leito de UTI.

A coordenadora do Centro de Direitos Humanos de Londrina, Maria Giselda de Lima Fonseca, acompanhou o caso. "Quando fomos acionados, a gente procurou os responsáveis do hospital para a resolução imediata do problema. Segundo a família, essa vaga em Ivaiporã foi liberada há três dias. Não estamos questionando aqui falta de médico, mas a falta de transporte", cobrou.

A diretora da 17ª Regional de Saúde, Maria Lúcia Lopes, informou que o regulamento da central de vagas é feito pela Secretaria Municipal de Saúde. Segundo ela, a transferência para outro município tem apoio do Estado, mas a execução do trajeto é operada pelo Samu de Londrina.

"Estamos enfrentando condições de superlotação em UTIs em hospitais que atendem pelo SUS em Londrina e nestes casos a central de leitos faz a regulação e alguns acabam transferidos para outras cidades como Arapongas, Apucarana e Ivaiporã. O paciente em questão está sendo assistido pela equipe médica do HZN com todos os cuidados necessários."

O secretário municipal de Saúde, Felippe Machado, informou que o paciente do HZN seria transferido na terça-feira (31) ou nesta quarta-feira (1º) por helicóptero do Samu, mas nos dois dias não foi possível pela falta de condições de voo. Em nota, ele informou que o paciente seria transferido via terrestre pela ambulância ainda na noite de quarta (1º).

SUPERLOTAÇÃO

Em nota, o Hospital Universitário de Londrina informou que no final da tarde de quarta-feira (1º) estava com 140 paciente no Pronto Socorro, que tem 73 vagas. Em relação às UTIs, não havia vagas disponíveis. Segundo assessoria do Hospital Evangélico, na manhã de quarta-feira a taxa de ocupação foi de 200%. Dentre esses pacientes, 14 aguardavam a disponibilidade de vagas em UTI. A Folha de Londrina também procurou a Santa Casa, mas não obteve resposta.