Desde a manhã desta sexta-feira (26), mais de 27,5 mil candidatos inscritos no Vestibular da UEL (Universidade Estadual de Londrina) 2020/2021 estão sem data definida para realizar a prova. Com o concurso suspenso pela segunda vez, a sensação, para muitos, é de que o ingresso em uma das melhores universidades públicas do País se tornou uma possibilidade ainda mais remota. É o que relatou à reportagem o jovem João Pedro Neves Borges, 20, que agora terá que resolver também questões práticas, como as reservas em uma excursão que incluem hotel em Londrina e transporte direto de Olímpia, no interior de São Paulo.

Imagem ilustrativa da imagem Com provas suspensas, vestibulandos buscam equilíbrio
| Foto: Agência UEL

Marcada para ser realizada no dia 14 de março em 74 escolas ou instituições de ensino da cidade, a prova da UEL foi mais uma a ser adiada após o anúncio de medidas mais restritivas pelo governador Ratinho Junior (PSD). Além da londrinense, a UFPR (Universidade Federal do Paraná), UEPG (Universidade Estadual de Ponta Grossa), UEM (Universidade Estadual de Maringá) e a Unespar (Universidade Estadual do Paraná), entre outras, também terão que “casar” seus calendários para garantirem maior possibilidades de acesso ao ensino superior paranaense. Em Londrina, 1.430 salas de aula serão utilizadas, o que deverá garantir o distanciamento seguro entre cada candidato.

Para o coordenador do Ensino Médio do Colégio Marista de Londrina, Nilson Douglas Castilho, é natural que boa parte dos alunos se sinta ainda mais “frustrada” com a novidade. Embora reconheça que a decisão tenha sido coerente com o atual cenário epidemiológico, lembrou que os jovens de todo o País atravessam uma “sequência de desapontamentos” e, agora, terão que “replanejar” os estudos sem perder o foco.

"É claro que há uma frustração agora, mas que poderá servir como um impulso para continuar estudando. É preciso pensar no lado positivo. Primeiro, preservar a saúde. Em segundo lugar, o aluno terá mais tempo para estudar o que tem dificuldades. É um momento para amadurecer enquanto ser humano, criar resiliência e desenvolver a inteligência emocional”, ressaltou.

Para ele, além de reforçar a leitura em obras literárias e realizar simulados, as próximas semanas de estudo também deverão ser aproveitadas com momentos de relaxamento. "É preciso colocar um momento de lazer na rotina de estudos. Um bom estudante não estuda o tempo todo, mas estuda bem durante o tempo em que se dedica a estudar”, explicou.

Maria Eduarda Ribas, 17, mora em Campo Grande (MS) e é uma das 11.682 pessoas que tentarão entrar em Medicina. Para aumentar as chances de garantir uma das 80 vagas, fez parte do Clube de Leitura criado pela FOLHA e contou que vai aproveitar o período se preparando para a redação. “Focar bastante e verificar quais são os critérios de avaliação da banca já que a redação vai ser o primeiro critério de desempate. É a hora de focar nisso e nas obras literárias”, avaliou

Diferentemente dela, o também “medicineiro” João Pedro Neves Borges vai tirar “férias”. Depois de realizar oito vestibulares e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a notícia do adiamento da prova veio como um convite para colocar “a vida em dia”, brincou. Para isso, séries, livros, caminhadas e a indispensável conversa com amigos servirão como aliados na busca pelo objetivo.

Bom senso

Para o presidente do Sindihotéis (Sindicato Patronal dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina e Região), Alzir Bocchi, candidatos não deverão encontrar dificuldades em remarcar as reservas em hotéis da cidade. “(A pandemia) é algo sui generis, uma coisa nova. De repente, o hotel pode fazer o cancelamento sem nenhum ônus e poderia ser razoável para ambas as partes postergar essa reversa. Deve haver um bom entendimento para ambas as partes”, estimou. A rede hoteleira de Londrina possui 8,8 mil leitos em unidades de duas a cinco estrelas.

Colunista da FOLHA, o advogado Renan de Quintal também ponderou que o momento sugere a busca por soluções amigáveis antes de eventuais cancelamentos de serviços. No entanto, diante de uma "resistência injustificada", é possível haver o questionamento na Justiça.

No entanto, questionado pela reportagem, ponderou que o artigo 86 da resolução 41/2020, a que regulamentou o vestibular, expressa que o adiamento da prova não implica na restituição do valor da inscrição mediante a impossibilidade de realização na nova data.