SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma família da zona norte de São Paulo em quarentena gravou com celulares uma campanha da Prefeitura de São Paulo contra o coronavírus, recomendando a permanência em casa.

Em época de distanciamento social, o vídeo foi totalmente produzido pela família, sem equipamentos ou equipe técnica. A família está em confinamento há mais de dez dias e recebeu orientações apenas remotas.

A família captou imagens que serão usadas em comerciais de 30 segundos, além de publicações em redes sociais da prefeitura.

No vídeo, a família Nogueira, que mora em um sobrado no Tucuruvi, mostra o dia a dia seguindo as recomendações de distanciamento social, dando dicas e conselhos para pessoas nesta situação.

"Somos uma família de verdade, essa é uma casa de verdade e essa é a hora da verdade. Precisamos respeitar as recomendação dos especialistas de saúde", diz uma das integrantes da família, na peça.

A campanha foi criada pela agência Nova/sb. O diretor de criação da campanha, Átila Francuci, afirma que a peça foi pensada para não contradizer as recomendações da própria prefeitura de distanciamento social.

"O pensamento foi: existem pessoas que estão em suas casas, elas mesmas podem falar da sua rotina e contar o que estão fazendo", disse Francuci. "A produtora também fez seleção de casting de famílias fizeram vídeos de si mesmas. Reunião da agência com a produtora, com a gente, com a família, foi tudo online".

Com o tempo, a família foi se acostumando com a situação e ganhando mais naturalidade. A primeira peça já foi ao ar nesta quinta-feira (2).

Recentemente, o governo estadual de João Doria (PSDB) também lançou peças estimulando a população a ficar em casa.

A peça publicitária do governo estadual diz para que a população leve em conta dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), que recomenda que se fique em casa. Além disso, o vídeo aponta que presidentes europeus e até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que mudou de ideia, pedem isolamento.

O comercial também rebate o argumento de que ficar em casa afeta a economia. "A economia a gente trabalha e recupera. A vida de quem a gente ama não dá para recuperar. Fique em casa", diz a campanha.

As campanhas vão na contramão de campanha do governo Jair Bolsonaro (sem partido) chamada "O Brasil não pode parar", criticada por governantes e proibida pela Justiça.

Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), decidiu "vedar a produção e circulação, por qualquer meio, de qualquer campanha que pregue que 'O Brasil Não Pode Parar' ou que sugira que a população deve retornar às suas atividades plenas, ou, ainda, que expresse que a pandemia constitui evento de diminuta gravidade para a saúde e a vida da população".

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal e o Ministério Público de Contas de São Paulo solicitam que o secretário especial de Comunicação Social do governo Jair Bolsonaro, Fabio Wajngarten, responda na Justiça por atos de improbidade administrativa.