Imagem ilustrativa da imagem Com 20% de candidatos a mais, UEL enfrenta desafio de fazer vestibular em um  só dia

Vestibulandos e UEL (Universidade Estadual de Londrina) enfrentarão uma série de desafios extras no próximo dia 30, quando será realizado o vestibular em apenas um dia, o primeiro em meio à pandemia da Covid-19. A instituição de ensino registrou aumento de 20% no número de inscritos para esta edição em comparação à última seleção, realizada no final de 2019. Ao todo, 27.530 candidatos se inscreveram lutando por vagas em 53 cursos.

Por conta da pandemia, o tradicional vestibular que seria aplicado no final do ano passado, em dois dias, acabou não ocorrendo. Nova data foi remarcada para março deste ano, mas houve novo adiamento. Por fim, 30 de maio está confirmado como nova data, sem previsão de mais prorrogações.

Atendendo às recomendações das instituições sanitárias, o Cepe (Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão) da universidade definiu também que a prova seria centralizada em Londrina. “Desde que foi implantado o modelo do vestibular da UEL em duas fases, esta é a primeira vez que será realizado em apenas um dia”, disse a professora Sandra Garcia, coordenadora da Cops (Coordenadoria de Processos Seletivos) da UEL.

O vestibular terá 5 horas de duração, uma hora a mais do que ocorria antes, com uma prova de conhecimentos com 50 questões objetivas e uma prova de redação dissertativa argumentativa, com tema único.

Com as medidas restritivas por conta da pandemia, a UEL definiu a ocupação dos ambientes em no máximo 50% e mais do que dobrou a quantidade de locais e salas utilizadas em vestibulares anteriores. Todos os espaços de aplicação da prova serão higienizados, garantindo proteção para profissionais e candidatos (leia mais no quadro).

O vestibular será em 75 locais, só em Londrina, entre escolas e universidades. O local com maior número de candidatos será o campus da UEL, onde 4.500 candidatos estão inscritos para fazer a prova. “Teremos neste vestibular quase 3.600 colaboradores atuando como coordenadores de local de prova, monitores, fiscais, seguranças, limpeza, motoristas, dentre outros.”

Os cursos mais concorridos são medicina (264,68 candidatos por vaga no sistema universal); biomedicina (48,8 por vaga) e psicologia (38,3 por vaga).

RETA FINAL

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O coordenador do ensino médio do Colégio Marista, Nilson Douglas Castilho, destaca que é importante o candidato ter ciência de que não adianta focar em muitos estudos de forma aleatória nesta reta final.

“É preciso aproveitar o momento para revisar as matérias e conteúdos de maior dificuldade, determinando tempo para leitura, resolução de exercícios e treinos para a redação. É o momento de últimas revisões, não de aprender o conteúdo.”

Às vésperas da prova, o coordenador recomenda descanso e alimentação adequada para evitar problemas. “É válido, se possível, ir até o local de prova se for um endereço desconhecido para se familiarizar com o espaço e o trajeto até lá. É muito importante rever os protocolos referentes ao contexto da pandemia, seguindo todas as orientações descritas nos manuais da organizadora do vestibular."

Castilho destaca que o vestibulando deve ficar atento a questões que exijam mais leitura. “Os textos dão pistas valiosas para a resolução. Atentar-se aos verbos nos comandos dos enunciados e também ler a fonte dos textos, pois ela evidencia o contexto em que a questão se insere. Muita atenção ao planejamento da redação, debruçando-se sobre o rascunho e administrando o tempo para passar a limpo o gabarito e o texto. Redação terá peso 5, portanto, é essencial desenvolver uma boa produção textual.”

Segundo o coordenador, a prova da UEL tem caráter temático e interdisciplinar. No entanto, as questões oscilam numa perspectiva mais tradicional e em outra mais reflexiva dos conhecimentos tratados na avaliação.

“Os saberes podem ser evidenciados por eles mesmos em questões mais convencionais e em outras podem estar contextualizados com aplicabilidade no cotidiano e na relação entre as áreas do conhecimento. Um vestibulando precisa estar consciente e preparado para essas duas perspectivas”, conclui.

ORIENTAÇÕES

A coordenadora do ensino médio e do pré-vestibular do Colégio Maxi, Cássia Gimenes Barcaro, destaca que o vestibulando deve se atentar a todas as orientações que a UEL vem divulgando no seu Plano de Biossegurança para o dia da prova, como levar duas máscaras.

“Devido à pandemia, a UEL traz um novo formato excepcionalmente este ano, em uma única fase com questões objetivas e redação. Temos certeza de que nos entregará como sempre uma prova de excelência, contemplando os conteúdos propostos. Assim é preciso estar bem atento e preparado quanto a esse novo formato”, aponta.

"Parece que o dia nunca vai chegar"

A estudante Heloísa Mayumi Villela Yamaguti: "Prestar vestibular em meio a uma pandemia é muito diferente"
A estudante Heloísa Mayumi Villela Yamaguti: "Prestar vestibular em meio a uma pandemia é muito diferente" | Foto: Gustavo Carneiro

A estudante Heloísa Mayumi Villela Yamaguti, 17 anos, concluiu o ensino médio no ano passado e prestará Direito na UEL no final deste mês. A rotina dela no pré-vestibular tem sido intensa. Por dia, são 7 horas dedicadas aos estudos, incluindo as aulas. No final da manhã, reserva um tempo para fazer atividade física em casa. A maratona termina por volta das 17h, quando vai descansar, ver alguma série, distrair a mente.

O ritmo pesado é de segunda a sexta. Nos finais de semana, Yamaguti se encontra com o namorado, além de ficar com a família. “Meu lazer na pandemia tem sido muito dentro de casa”, diz.

Uma forma que Yamaguti encontrou para se sentir motivada foi criar um perfil no Instagram direcionado aos vestibulandos, com a publicação de resumos e da sua rotina pré-vestibular (@hy_studies). “Recebo muito carinho e apoio dos meus seguidores, o que me motiva a continuar com os estudos”, pontua. O perfil criado por Yamaguti já conta com quase 6 mil seguidores.

Mas a partir do início desta semana, a poucos dias do vestibular, a jovem pretende pisar no freio. “Vou pegar mais leve e descansar a mente e o corpo.”

Sobre o adiamento da prova do vestibular da UEL (que seria inicialmente em 14 de março), a candidata considera que foi possível ganhar mais tempo para estudar e, com isso, ampliar a esperança de conquistar a tão sonhada vaga.

“Ao mesmo tempo, porém, é uma insegurança para o vestibulando um vestibular adiado, pois já havia uma expectativa, uma organização e uma programação desde o início. Prestar vestibular em meio a uma pandemia é muito diferente. Parece que nunca vai realmente acontecer e que o dia nunca vai chegar.”

RESISTÊNCIA

A vestibulanda Ana Carolina de Carvalho Pimenta, 17 anos, considera que prestar vestibular em meio à pandemia é um desafio ainda maior. “Por conta da máscara, o incômodo aumenta durante a prova, você fica com medo de contrair Covid, e o vestibular se torna uma prova de resistência ainda maior. Em épocas normais, acaba sendo mais tranquilo, pois apenas temos que lidar com o nervosismo.”

Pimenta concluiu o ensino médio em 2020 e no início deste ano fez um cursinho preparativo para a UEL. A candidata vai prestar odontologia. “De janeiro até março eu fazia cursinho, assistindo às aulas no período da manhã e estudando à tarde por cerca de 4 ou 5 horas. Depois do adiamento da prova, tirei um tempo de descanso e voltei a estudar por conta própria com os materiais que já tinha. Hoje eu ainda estudo de 4 a 5 horas por dia, mas de forma mais focada. Faço um simulado por semana, redação duas ou três vezes na semana, além de exercícios de conhecimentos gerais de segunda a sexta. Ao sentir alguma dificuldade, procuro videoaulas nas plataformas de estudo.”

Paralelamente à rotina de estudos, Pimenta tem feito acompanhamento com psiquiatra e terapeuta. “Também faço acompanhamento com nutricionista e sempre mantenho a prática de atividades físicas. Ter rotina e uma vida saudável é muito importante para assimilar conteúdos”, considera.

No entanto, ela não abre mão dos momentos de lazer, muito importantes para o funcionamento da mente nesse período. “Mais ou menos uma vez na semana, na parte da noite, vejo meu namorado. Finais de semana eu reservo para família, amigos e namorado. Procuro fazer coisas variadas para relaxar e distrair, claro, sempre me protegendo da Covid”, conclui.

Clube de Leitura

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A Folha de Londrina lançou, em março do ano passado, o Clube de Leitura Vestibular UEL, um canal com informações sobre as 10 obras de literatura exigidas pelo processo seletivo. No período de um ano, a editora Patricia Maria Alves e a repórter Laís Taine apresentaram 10 podcasts, sendo que a cada programa o convidado foi um especialista, com conhecimento em literatura e no vestibular em questão.

Os especialistas comentaram com as jornalistas sobre a obra e assinalaram o que poderia ser solicitado no vestibular - o que poderia cair na prova a respeito de determinado livro.

A cada podcast, os vestibulandos inscritos no clube do Telegram concorreram em um sorteio para ganhar o livro discutido em questão. Por meio desse clube, os estudantes também participaram de enquetes e interagiram com os professores especialistas. Ao todo, são quase 120 alunos participantes.

Todos esses podcasts estão disponíveis no canal Clube de Leitura do Vestibular da UEL, no site da Folha (www.folhadelondrina.com.br), com link próprio. O conteúdo também está disponível no canal da Folha Cast, o podcast da Folha de Londrina, no Soundcloud, e no canal da Folha Cast, no Spotify, além de outros aplicativos de streaming.

SindHotéis prevê maior fluxo

O presidente do SindHotéis (Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Londrina e Região), Alzir Bocchi, ressalta que o vestibular da UEL figura entre as melhores datas para o setor em virtude do aumento do fluxo de hóspedes, ficando atrás somente da ExpoLondrina e da Movelpar em Arapongas. “Como a Expo e a feira de móveis em Arapongas ocorrem em mais dias, o fluxo de visitantes acaba sendo maior”, explica.

No entanto, a projeção do sindicato é que a ocupação dos hotéis no período do vestibular da UEL, no final deste mês, cresça 40% em comparação a épocas sem eventos específicos.

Um respiro para os empresários em meio à pandemia, já que antes do coronavírus, a média de ocupação em épocas normais era de 55% e caiu atualmente para entre 35% e 40%. A expectativa é que metade do fluxo extra de visitantes em virtude do vestibular seja de candidatos e dos seus familiares vindos de cidades paranaenses e paulistas.

“Os vestibulandos serão muito bem atendidos aqui em Londrina, com todas as medidas de prevenção à Covid muito criteriosas para a preservação da saúde de todos”, garante o presidente do sindicato.

Ao todo, a rede hoteleira de Londrina dispõe de 53 hotéis, que oferecem 8.500 leitos e onde trabalham cerca de 1,2 mil funcionários.

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