Com base nos dados técnicos sobre a evolução da Covid-19 em Londrina, o Coesp (Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública de Londrina) emitiu nesta quinta-feira (6) comunicado à Prefeitura de Londrina no qual não recomenda a abertura de praças de alimentação (shoppings e galerias comerciais), academias (de qualquer natureza) e templos religiosos. Os representantes de instituições que compõem o órgão consultivo indicam que caso os indicadores permaneçam apontando na mesma direção na próxima semana, é possível que medidas mais rígidas possam ser sugeridas na próxima semana.

Imagem ilustrativa da imagem Coesp recomenda retomada de medidas mais duras contra a Covid-19 em Londrina
| Foto: Gustavo Carneiro

O último boletim epidemiológico emitido pela Secretaria Municipal de Saúde traz a confirmação de mais duas mortes em decorrência das complicações da Covid-19 na cidade e mais 31 novos casos. São 128 óbitos e 3.566 pessoas infectadas pela doença desde o início da pandemia. Já o índice de ocupação dos leitos de UTI está em 68%.

Segundo membros do Coesp consultados pela FOLHA, o relatório aponta que os dados levantam "a bandeira vermelha" já que os índices de isolamento social estariam inferiores a 37% na cidade. O comunicado frusta setores que pressionam o prefeito de Londrina, Marcelo Belinati (PP) a flexibilizar o horário de restaurantes e praças de alimentação em shopping centers, por exemplo.

O anúncio da fase crítica ameaça também a reabertura de praças e parques que estão sob fiscalização da Guarda Municipal. Na live nas redes sociais no último domingo (2), o prefeito defendeu a reabertura de espaços públicos, mas até quinta não havia publicado decretos autorizando as atividades de lazer.

Para o dirigente da Abrasel (Associação de Bares e Restaurantes) de Londrina, o empresário Carlos Grade, não há motivos técnicos suficientes para barrar a flexibilização do horário noturno em lanchonetes e restaurantes localizados em shoppings. "Foi colocado os shoppings como vilões, mas não é o caso. No shopping há controle de entrada, segurança, distanciamento entre as mesas. É lamentável que o Coesp não demostre dados técnicos que comprovem essa decisão deles. Qual diferença de fechar as 19h ou às 22 horas? questionou.

A classe pede isonomia com outros restaurantes e bares de rua que podem abrir até as 22 horas. "Os shoppings voltaram há 20 dias, mas o movimento está inferior a 30%. Isso porque não pode entrar criança, está aberto até as 19 horas. Eu entendo o cuidado em testar. Abriram os shoppings e não houve aglomeração. Agora eles (Coesp) destroem um segmento em nome da saúde, mas não irá salvar uma vida e não vai causar uma morte essa não flexibilização do horário" ressaltou .

O último relatório do Coesp pede ainda que seja mantida a flexibilização para a abertura das atividades econômicas previamente listadas, desde que os horários diferenciados sejam mantidos, conforme acordado anteriormente. O órgão recomenda também ao município um enrijecimento das medidas não farmacológicas e restrições sociais.

Procurada, a assessoria de imprensa da prefeitura disse que o prefeito não iria se pronunciar sobre a recomendação do Coesp neste momento. O secretário municipal de saúde Felippe Machado não atendeu as ligações.

Paraná

A Sesa (Secretaria de Estado da Saúde) divulgou boletim com 1.924 novas confirmações e 60 mortes pela infecção causada pelo novo coronavírus nas últimas 24 horas. O Paraná acumula 86.303 diagnósticos positivos e 2.2 mil mortes em decorrência da infecção. Segundo levantamento, 1.104 pacientes com diagnóstico confirmado de Covid-19 estão internados, sendo 844 em leitos SUS e 260 em leitos da rede particular.