Cni espera intervenção do BC no câmbio para beneficiar balança
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quinta-feira, 30 de março de 2000
Por Maria Fernanda Delmas
Rio, 31 (AE) - A atuação firme do Banco Central no mercado de câmbio vai impedir que a valorização do real interrompa a trajetória de recuperação da balança comercial em 2000. A avaliação é da coordenadora da Unidade de Integração Internacional da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Maria do Perpétuo Lima. Segundo ela, o BC sempre vai intervir no mercado - comprando ou vendendo dólares - para evitar que oscilações na taxa de câmbio prejudiquem as exportações brasileiras.
Um dos possíveis efeitos, alerta a coordenadora, é o fim dos descontos em dólares concedidos pelos exportadores nacionais aos países compradores. Essa mudança vai ajudar na recuperação dos preços dos produtos manufaturados. O setor registrou um forte incremento no volume exportado nos primeiros meses do ano. A média diária das exportações de manufaturados cresceu 42,4% em março se comparado com o mesmo período do ano passado.
A coordenadora ressalta no Informativo Comércio Exterior em Perspectiva, divulgado hoje pela CNI, o incremento nas vendas de aviões, aparelhos transmissores e receptores e produtos do setor automotivo. O relatório mostra que a quantidade de manufaturados exportada entre janeiro e fevereiro cresceu 1,4% em relação a média de 1999. O bom desempenho veio em um período de fracos negócios, quando o preços médios dos produtos está 1% abaixo do que no mesmo período do ano passado.
O estudo aponta como outro destaque o aumento dos preços internacionais dos produtos semimanufaturados, principalmente de celulose e de alumínio bruto. Estes preços tiveram incremento de 9,9% no primeiro bimestre de 2000, em relação à média do ano passado, enquanto a quantidade caiu 4,8%. Nos outros produtos, lembra Maria do Perpétuo, os preços externos estão caindo menos, o que é um claro sinal de recuperação.
Mercosul - O Informativo da CNI ressalta que o Brasil tem como desafio este ano acelerar as negociações para aprofundamento do Mercosul e da área de Livre Comércio das Américas (Alca). Os economistas da CNI destacam que o governo brasileiro já deu sinais de que percebeu a importância e o grau de dificuldade no cenário de negociações comerciais este ano. Para a CNI, depende essencialmente do Brasil, como maior sócio do Mercosul, a iniciativa de "desbloquear" a agenda sub-regional.